Em diferentes mídias este ano foi anunciado como o ano do final dos tempos, e muitos compreenderam como o fim do mundo. Vamos esclarecer por partes: o final do mundo não existe, porque o universo não tem fim e o planeta terra é apenas um pontinho minúsculo neste infinito de planetas e galáxias. Mas, ao tratarmos do final dos tempos, aqui temos muito a ver e a rever. Se olharmos para o nosso passado constataremos que já houve tempos diversos que se acabaram e que se voltarem virão com novas roupagens. A “mudança” é uma das poucas certezas que podemos ter. Cada tempo exige formas novas de se conviver com ele para que possamos ter algum sucesso na vida. Hoje temos o Velho Mundo, com suas tradições, saberes e riquezas passando por uma crise sem precedentes na história. Ela não é fruto de nenhuma guerra dessas que o mundo estava acostumado a ver, porque é uma guerra de mudanças de novos tempos; nesta guerra as armas são outras. Os Estados Unidos também vivem dificuldades econômicas e grandes mudanças nos hábitos da população. Muitos destes povos em transições marcantes, estão procurando o Brasil, não só para investimentos mas também a procura de novas oportunidades de trabalho e de qualidade de vida. O conceito de qualidade também está em mudança. Que qualidade de vida teria o Brasil para oferecer aos habitantes do primeiro mundo? Nós temos algumas regiões com até 89% da população sem saneamento básico. Temos grandes déficits na saúde e a educação está classificada em patamares muito baixos, comparadas com outros países. Conversando com algumas pessoas interessadas em viver no Brasil, fiquei surpresa em saber que é exatamente a nossa precariedade nas áreas citadas que os atrai. Elas já atingiram um grau de conhecimento que lhes serve de moeda de troca numa transação mais importante que a financeira, uma vez que ela lhes oferece oportunidade de realizar, de criar, de conviver com a diversidade e se enriquecer de conhecimentos que ainda não estão na escola. Os governantes precisam criar oportunidades para estes novos saberes poderem, organizadamente, servir nas áreas onde temos deficiência de mão de obra. Eu disse de forma organizada porque acredito que muitos trabalhadores brasileiros podem aprender com eles. O aprendizado é uma troca bastante rica para ambos os lados. Somente quem aprende com a diversidade é capaz de respeitá-la. Não precisamos temer a mudança dos tempos. Ela será muito benéfica se soubermos tirar proveito dela.
Nota do Editor: Deusdith Bueno Velloso, nascida em Ubatuba, é professora aposentada, formada em Letras e Pedagogia e Mestre em Comunicação Social.
|