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COLUNISTA
Rodrigo Ramazzini
07/12/2007 - 12h33
O prostíbulo
 
 

Oliveira parou o carro em frente ao prédio e conferiu o nome nos letreiros luminosos. Estava no lugar correto. Desceu do veículo, cumprimentou o segurança que estava parado na porta e ingressou no local. Uma única luz néon azul iluminava o abafado ambiente. Era um recinto pequeno, com algumas mesas distribuídas. A música saía de duas caixas de som que estavam no chão. Havia ainda à direita uma copa, um banheiro e uma porta entreaberta, que levava para um longo e fino corredor.

Dois casais dançavam no centro do salão. No canto esquerdo, um alemão sem camisa, ria e tomava cerveja enquanto uma mulata lhe fazia um strip-tease. Ainda neste canto, uma loira de cabelos lisos, já sem as vestes superiores, sentada no colo de um outro homem, beijava-o ardentemente. À frente um casal apenas conversava, enquanto as outras meninas “disponíveis” sentaram-se alinhadas para que Oliveira escolhesse uma, como se fossem produtos.

Oliveira visualizou as meninas e escolheu a que lhe pareceu ser a mais nova. Uma moreninha de cabelos cacheados e olhos verdes. Vestia uma saia preta e uma blusa branca com os botões superiores abertos, deixando a mostra os pequenos seios. Chamava-se Fabrícia e era de uma cidade vizinha, segundo depois contou.

Sentaram-se lado a lado, e feita às apresentações, ela foi buscar uma cerveja.

A conversa começou a fluir naturalmente. Oliveira, curioso por natureza, interessou-se pela história de vida de Fabrícia e “tocou-se” a questioná-la. Ela, já sentindo as primeiras conseqüências do álcool, foi ficando desinibida, e narrando cada novo episódio com mais detalhes. Fazia dois meses que estava “trabalhando” no lugar. Fora trazida por uma amiga. Quando perguntada por Oliveira o motivo, na primeira vez respondeu – Por curiosidade! Mas depois, com a intimidade aumentada, abriu o jogo. Era a mais velha de um total de quatros filhos. O pai trabalhava colhendo frutas em uma fazenda. Ganhava pouco mais de um salário mínimo, o que lhes proporcionava uma vida difícil, visto que a mãe não trabalhava. Entrou no ramo para ganhar o seu próprio dinheiro. Havia procurado emprego em locais sérios, como classificou, mas não achara. Sonhava em se vestir como as atrizes da televisão, com roupas da moda, de grife, e freqüentar os lugares mais badalados. Queria ser modelo ou atriz. Repetia – Quero ser famosa. Aparecer na TV!

O tomar cerveja acontecia na velocidade do bate-papo. Entre os vários copos, e um assunto e outro, a confiança de Fabrícia em Oliveira foi aumentando. Oliveira julgou então que poderia avançar nos seus questionamentos e atos. Pegou pela primeira vez na mão de Fabrícia, sentindo o frescor de sua pele nova. Ela sorriu e beijou-lhe a face do rosto como retorno pela carícia. Oliveira pergunta-lhe – Quanto é o programa? Para sua surpresa, Fabrícia esquiva-se. Responde que não faz programa, que apenas acompanha os clientes enquanto eles tomam cerveja, e isso lhe proporciona ganhar um valor em cima de cada unidade ingerida. Oliveira não se convence, troca de assunto momentaneamente e deixa-a tomar mais alguns goles de cerveja. Decorrido algum tempo, sentindo-a mais desinibida e confiante, ele retorna – Com quantos homens você já transou por dinheiro? Ela, caindo em contradição, replica – Desde que comecei aqui, uns oito, eu acho. – Ah é! Exclama Oliveira, soerguendo as sobrancelhas. Fabrícia, começando a “enrolar a língua”, tarifa - Cobro R$ 150,00 por programa.

Dito o valor, Oliveira senta-se mais próximo de Fabrícia, e elogia-lhe a beleza física, passando-lhe a mão no cabelo – Você é tão linda e nova, não deveria estar neste local. Fabrícia exprime um – Pois é! Baixando a cabeça. - Quantos anos você tem? Continua Oliveira. Ela assusta-se com a pergunta, e “salta” afirmando – Dezoito! Dezoito completos! Ele, erguendo as mãos, pede calma, mas dúvida – Calma! Calma... Desculpa, mas você não tem dezoito... Ah não tem mesmo! – Quer ver a minha carteira de identidade? Ela rebate, pensando que o ameaçar de trazer um documento confirmaria a sua fala. Mas não, Oliveira pede – Deixa-me ver então? Fabrícia silencia por um momento, olha para os lados e cochicha-lhe – Na verdade... Na verdade eu tenho quinze, mas é que dono do estabelecimento pede para nós falarmos que temos dezoito para não dar problema... Neste instante o telefone de Oliveira toca. Ele pede silêncio a Fabrícia, apesar da música do ambiente. Atente a ligação, e rapidamente fala – Está confirmado! E desliga. Fabrícia curiosamente questiona – Quem era? Oliveira levanta-se, pega-a pela mão, e responde – Vamos! Acabou...

Um minuto depois a Polícia está no local para finalizar a operação...


Nota do Editor: Rodrigo Ramazzini é cronista.
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