- Mãe é só a gente? - Sim. - E o pai e a mana? - Estão em casa. Só a gente vai para a casa de campo. - Legal!!! Mas, você não está braba comigo? - Não. Você fez alguma coisa de errado? - Não. A viagem dura quanto tempo mesmo? - Duas horas. Sofia viu o filho dormir ao seu lado. Era um olhar de ternura. Estava cansada, não gostava de dirigir e principalmente para lugares distantes. Não queria parar, desejava chegar logo. Chegaram ao entardecer. Ela preparou um lanche bem caprichado para o filho. Ele estava radiante por estar só com a mãe. - Mãe, amanhã vou tomar banho de piscina, andar de bicicleta e andar pela mata. – Vou fazer tudo isso com você. Quando o garoto dormiu. A mãe ligou para a casa: – Oi amor, como está Aline? - Tá com febre e muito agitada. E aí... - Tudo certo. - Espero que tudo corra bem... - Conversamos depois... me deseja sorte. - André tá dormindo? Queria falar com o meu filho... - Melhor não Rodrigo, deixa tudo como está. Foi uma semana maravilhosa para André. Só fez o que queria. A mãe colocou nenhum limite. Ele tinha doze anos. Sofia quando o via nadando e correndo pela mata, ficava admirada. Percebia como o seu filho crescia, porém ao se lembrar do motivo de estar ali, sentia-se triste. – Mãe, que olhar triste é esse? - Nada filho. É bobagem sua. - Hoje é domingo, que horas a gente vai embora. - Ficaremos até segunda. - E a escola? - Não esquenta. Um dia sem ir... - Tá bom. Noite. André tomava banho. Sofia ligou para casa. - Me deseja sorte. A Aline tá bem? - Continua muito doentinha... parece ser emocional. - Cuida dela. Tudo vai ficar bem. Ela foi à cozinha. Colocou um sonífero no refrigerante do filho, começou a chorar, mas, não desistiu do que faria. “É para o bem de todos”. André saiu do banheiro e foi para a mesa. Alguns minutos, o menino sentiu muito sono e a mãe o ajudou ir para cama. Sofia pegou uma pequena faca e cortou a garganta do filho, o sangue jorrou pela cama e na roupa da mãe. Desesperada, urrou como se tivessem dilacerado o seu ventre. Abraçou o cadáver do filho. André era um menino cruel. Torturava e depois matava vários animais de estimação que a família pegava para criar. Espancava os colegas da escola e da rua. Manipulava todos com sua inteligência doentia. Os pais procuraram os melhores psicólogos e psiquiatras, contudo, nenhum tratamento dava jeito na sua essência má. O estopim foi quando ele violentou a irmã mais nova, que tinha apenas quatro anos. - Adeus meu filho. Que sua alma demoníaca encontre salvação. Tenho que crer nisso... Nota do Editor: Eduardo Oliveira Freire é formado em Ciências Sociais pela Universidade Federal Fluminense, está cursando Pós Graduação em Jornalismo Cultural na Estácio de Sá e é aspirante a escritor.
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