26/11/2024  11h37
· Guia 2024     · O Guaruçá     · Cartões-postais     · Webmail     · Ubatuba            · · ·
O Guaruçá - Informação e Cultura
O GUARUÇÁ Índice d'O Guaruçá Colunistas SEÇÕES SERVIÇOS Biorritmo Busca n'O Guaruçá Expediente Home d'O Guaruçá
Acesso ao Sistema
Login
Senha

« Cadastro Gratuito »
SEÇÃO
Contos
27/05/2007 - 13h18
Dia ensolarado
Eduardo Oliveira Freire
 

- Mãe é só a gente?

- Sim.

- E o pai e a mana?

- Estão em casa. Só a gente vai para a casa de campo.

- Legal!!! Mas, você não está braba comigo?

- Não. Você fez alguma coisa de errado?

- Não. A viagem dura quanto tempo mesmo?

- Duas horas.

Sofia viu o filho dormir ao seu lado. Era um olhar de ternura. Estava cansada, não gostava de dirigir e principalmente para lugares distantes. Não queria parar, desejava chegar logo. Chegaram ao entardecer. Ela preparou um lanche bem caprichado para o filho. Ele estava radiante por estar só com a mãe.

- Mãe, amanhã vou tomar banho de piscina, andar de bicicleta e andar pela mata.

– Vou fazer tudo isso com você.

Quando o garoto dormiu. A mãe ligou para a casa:

– Oi amor, como está Aline?

- Tá com febre e muito agitada. E aí...

- Tudo certo.

- Espero que tudo corra bem...

- Conversamos depois... me deseja sorte.

- André tá dormindo? Queria falar com o meu filho...

- Melhor não Rodrigo, deixa tudo como está.

Foi uma semana maravilhosa para André. Só fez o que queria. A mãe colocou nenhum limite. Ele tinha doze anos. Sofia quando o via nadando e correndo pela mata, ficava admirada. Percebia como o seu filho crescia, porém ao se lembrar do motivo de estar ali, sentia-se triste.

– Mãe, que olhar triste é esse?

- Nada filho. É bobagem sua.

- Hoje é domingo, que horas a gente vai embora.

- Ficaremos até segunda.

- E a escola?

- Não esquenta. Um dia sem ir...

- Tá bom.

Noite. André tomava banho. Sofia ligou para casa.

- Me deseja sorte. A Aline tá bem?

- Continua muito doentinha... parece ser emocional.

- Cuida dela. Tudo vai ficar bem.

Ela foi à cozinha. Colocou um sonífero no refrigerante do filho, começou a chorar, mas, não desistiu do que faria. “É para o bem de todos”. André saiu do banheiro e foi para a mesa. Alguns minutos, o menino sentiu muito sono e a mãe o ajudou ir para cama. Sofia pegou uma pequena faca e cortou a garganta do filho, o sangue jorrou pela cama e na roupa da mãe. Desesperada, urrou como se tivessem dilacerado o seu ventre. Abraçou o cadáver do filho.

André era um menino cruel. Torturava e depois matava vários animais de estimação que a família pegava para criar. Espancava os colegas da escola e da rua. Manipulava todos com sua inteligência doentia. Os pais procuraram os melhores psicólogos e psiquiatras, contudo, nenhum tratamento dava jeito na sua essência má. O estopim foi quando ele violentou a irmã mais nova, que tinha apenas quatro anos.

- Adeus meu filho. Que sua alma demoníaca encontre salvação. Tenho que crer nisso...


Nota do Editor: Eduardo Oliveira Freire é formado em Ciências Sociais pela Universidade Federal Fluminense, está cursando Pós Graduação em Jornalismo Cultural na Estácio de Sá e é aspirante a escritor.

PUBLICIDADE
ÚLTIMAS PUBLICAÇÕES SOBRE "CONTOS"Índice das publicações sobre "CONTOS"
20/12/2022 - 06h19 Aquelas palavras escritas
20/10/2022 - 06h07 Perfil
30/06/2022 - 06h40 Ai eu choro
13/06/2022 - 06h32 Páginas de ontem
31/05/2022 - 06h38 É o bicho!
24/05/2022 - 06h15 Tocaia
· FALE CONOSCO · ANUNCIE AQUI · TERMOS DE USO ·
Copyright © 1998-2024, UbaWeb. Direitos Reservados.