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COLUNISTA
Rodrigo Ramazzini
25/05/2007 - 08h05
A lista
 
 

Era sexta-feira. Como hábito deste dia, a turma do escritório de cobranças, após o expediente, saiu para o happy-hour. Tomavam cerveja sempre no mesmo bar. Eram entre quatro amigos: o Betto, o Castor, o Gordo e o Tiaguinho.

Como convencionado para essas ocasiões, o assunto “trabalho” não entraria na roda de bate-papo. Tomavam exatamente a terceira cerveja, os temas: mulher e futebol já haviam circulado pelas ferrenhas línguas, então, o assunto “trabalho” invariavelmente era abortado. O Betto não falava, e sim, discursava efusivamente contra o chefe, quando chegou o Chico, office-boy do escritório, que de vez em quando aparecia para estas confraternizações. Ele cumprimentou todos e sentou-se ao lado do Tiaguinho. Chico estava com uma cara de quem tinha algo para contar, todos notaram a “face de fofoqueiro” que ele se encontrava, exceto o Betto, que seguiu no seu pronunciamento contra o chefe.

Em um momento de retomada de fôlego, o Betto tomou um gole de cerveja, voltaria a sua fala, quando o Chico, em um golpe preciso, “saltou” e questionou:

- Estão sabendo da novidade?

A turma virou-se para o Chico, esquecendo completamente do Betto, e rebateram um sonoro: - Não! Mas conta aí!

O Chico encheu o copo de cerveja, acomodou-se melhor na cadeira, balançou a cabeça, e proferiu:

- Vocês não vão acreditar quem está grávida!

Um: - Quem? Ressoou em três distintas vozes. Chico replicou:

- A Dé-bo-ra!

A Débora era a mulher mais bonita da cidade. Certo que era uma cidade pequena, 45.000 mil habitantes, mas ela era realmente linda. Uma morena “desenhada”, do rosto ao corpo, por mãos divinas. Era muito desejada. Por onde passava, ganhava adjetivos, dos mais gentis aos mais grosseiros, e assovios. Não havia homem na cidade que não tivesse vontade de transar com ela. A turma já estava perplexa com a novidade, foi quando o Chico completou:

- Estão chocados? A “bomba” não é essa, o pior eu vou contar agora: ela não sabe quem é o pai. Terá de fazer um teste de DNA.

Foi aquele rebuliço na mesa. Saíram comentários como: - Se não tem pai eu assumo! – É meu! E mais uma série de bobagens. Foi então que olharam para o Castor. Ele estava em silêncio, em um “pensar longe”. Desenhava na água criada pela gélida cerveja na parte de fora do copo.

- O que foi Castor? Indagou o Gordo.

E o Castor, no auge da sua sabedoria, suspirou e redargüiu:

- Ai ai! Eu não queria ser o pai dessa criança, apenas estar na lista dos possíveis...


Nota do Editor: Rodrigo Ramazzini é cronista.
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