Não havia muita gente no bar naquele dia. Era por volta das 18h43min. O casal, Mateus e Joana, esperavam os recém-casados, Mauro e Lúcia, para uma confraternização. Enquanto aguardavam a chegada, Mateus roia as unhas e tomava uma cerveja, enquanto Joana falava sobre o seu dia. Sentados ao lado de uma janela, enxergaram quando o casal de amigos estacionara o carro no outro lado da rua. Mauro e Lúcia colocaram os pés dentro do estabelecimento, e o Mateus reclamou, mostrando o relógio: - Pô! Até que enfim! 18h30min estou lá Mateusinho... E o Mauro, com a maior paciência do mundo, redargüiu batendo-lhe no ombro: - Calma Mateus! Olha o coração... Cumprimentos feitos, Mateus faz sinal, erguendo o seu copo, para que a garçonete traga-lhe outro copo. Como todo início de conversa entre homens, começa-se perguntando: - Como vão as coisas? E o trabalho? Até o diálogo fluir naturalmente. Já as mulheres engrenaram no seu bate-papo, um assunto atrás do outro. Alguns minutos depois a garçonete traz o copo solicitado. Mateus resmunga: - Demoro! Ela afasta-se. Mateus com os olhos acompanha o caminhar sensual do seu largo quadril. Toma um gole de cerveja e soerguendo as sobrancelhas, exclama para Mauro um: - Pois é! Não era uma bela garçonete. Também não era feia. Tinha o rosto arredondado, cabelos que soltos batiam nos ombros, seios pequenos e uma barriguinha que saltava com o apertar da calça na cintura. Em compensação tinha um belo par de nádegas. Garçonetes possuem (Está bem! Quase todas as mulheres) o incrível “dom” de irem ficando mais bonitas a cada gole de cerveja. E cerveja não faltou na mesa do Mauro e do Mateus. Uma atrás da outra. Brilho nos olhos, “transformações”, enumeras visitas ao banheiro, além desses efeitos, a cerveja “desperta” a fome. Efeitos sentidos, Mateus então pede o cardápio. A garçonete alcança-lhe e diz um: - já volto! E distancia-se. Mateus de novo lhe segue com os olhos. Sua esposa Joana vê, e discretamente belisca-lhe na região estratégica abaixo da costela, entre a barriga e as costas. Como em todos os jantares entre amigos, a indecisão na hora de escolher o que comer aparece. Ninguém quer tomar posição, exceto Mateus: - Quero pizza. O que não é servido no bar. “Reina”: - Não tem nada nessa droga! Com a indecisão, chamam novamente a garçonete para um aconselhamento. Mauro indaga: - O que tu nos recomendas? Ela responde: - Vocês já conhecem a nossa linha de lanches? Sim! Bom, além dos lanches, temos risoto, pratos rápidos, filés e o nosso famoso picadinho... - E aí pessoal? Questiona Mauro. Mateus responde: - Quero pizza! Ficam no picadinho. Dois para ser mais exato. Mateus come freneticamente. Pede outra cerveja, mas ressalta: - Gelada dessa vez! A garçonete traz a cerveja e para ser simpática pergunta esperando uma resposta positiva: - Bom o nosso picadinho, né? O nosso tempero é ótimo! E o Mateus olha para a garçonete, dando uma abaixada nos olhos para conferir o quadril, e replica: - Eu não gostei! Não estava bom... Assustada, a garçonete questiona: - Por que meu senhor? O que faltou? Assim inicia um bate-boca. Mateus questionando desde a qualidade dos produtos usados até o modo de preparo. Falando alto, diz que ele é cliente e sempre tem razão. Que nunca deveria ter ido naquela espelunca e etc. A garçonete tentava manter a calma, apesar dos provocativos questionamentos de Mateus. Lúcia balançava a cabeça, enquanto Mauro e Joana tentavam acalmá-lo. Foi então que Mateus falou do tempero: - Eu não vou pagar por esse troço insosso, sem tempero... E a garçonete, perdendo a paciência, afirma: - Claro que tinha tempero! - Como tu sabes? Indaga Mateus. Tomada pela raiva, sem pensar, ela responde: - Sei por que provei um picadinho... Escutou-se um: - Fui logrado! E aí sim, começou a confusão...
Nota do Editor: Rodrigo Ramazzini é cronista.
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