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COLUNISTA
Rodrigo Ramazzini
20/04/2007 - 12h04
O picadinho da garçonete
 
 

Não havia muita gente no bar naquele dia. Era por volta das 18h43min. O casal, Mateus e Joana, esperavam os recém-casados, Mauro e Lúcia, para uma confraternização. Enquanto aguardavam a chegada, Mateus roia as unhas e tomava uma cerveja, enquanto Joana falava sobre o seu dia. Sentados ao lado de uma janela, enxergaram quando o casal de amigos estacionara o carro no outro lado da rua.

Mauro e Lúcia colocaram os pés dentro do estabelecimento, e o Mateus reclamou, mostrando o relógio:

- Pô! Até que enfim! 18h30min estou lá Mateusinho...

E o Mauro, com a maior paciência do mundo, redargüiu batendo-lhe no ombro:

- Calma Mateus! Olha o coração...

Cumprimentos feitos, Mateus faz sinal, erguendo o seu copo, para que a garçonete traga-lhe outro copo. Como todo início de conversa entre homens, começa-se perguntando: - Como vão as coisas? E o trabalho? Até o diálogo fluir naturalmente. Já as mulheres engrenaram no seu bate-papo, um assunto atrás do outro.

Alguns minutos depois a garçonete traz o copo solicitado. Mateus resmunga: - Demoro! Ela afasta-se. Mateus com os olhos acompanha o caminhar sensual do seu largo quadril. Toma um gole de cerveja e soerguendo as sobrancelhas, exclama para Mauro um: - Pois é!

Não era uma bela garçonete. Também não era feia. Tinha o rosto arredondado, cabelos que soltos batiam nos ombros, seios pequenos e uma barriguinha que saltava com o apertar da calça na cintura. Em compensação tinha um belo par de nádegas.

Garçonetes possuem (Está bem! Quase todas as mulheres) o incrível “dom” de irem ficando mais bonitas a cada gole de cerveja. E cerveja não faltou na mesa do Mauro e do Mateus. Uma atrás da outra. Brilho nos olhos, “transformações”, enumeras visitas ao banheiro, além desses efeitos, a cerveja “desperta” a fome. Efeitos sentidos, Mateus então pede o cardápio. A garçonete alcança-lhe e diz um: - já volto! E distancia-se. Mateus de novo lhe segue com os olhos. Sua esposa Joana vê, e discretamente belisca-lhe na região estratégica abaixo da costela, entre a barriga e as costas.

Como em todos os jantares entre amigos, a indecisão na hora de escolher o que comer aparece. Ninguém quer tomar posição, exceto Mateus: - Quero pizza. O que não é servido no bar. “Reina”:

- Não tem nada nessa droga!

Com a indecisão, chamam novamente a garçonete para um aconselhamento. Mauro indaga:

- O que tu nos recomendas?

Ela responde:

- Vocês já conhecem a nossa linha de lanches? Sim! Bom, além dos lanches, temos risoto, pratos rápidos, filés e o nosso famoso picadinho...

- E aí pessoal? Questiona Mauro.

Mateus responde:

- Quero pizza!

Ficam no picadinho. Dois para ser mais exato. Mateus come freneticamente. Pede outra cerveja, mas ressalta:

- Gelada dessa vez!

A garçonete traz a cerveja e para ser simpática pergunta esperando uma resposta positiva:

- Bom o nosso picadinho, né? O nosso tempero é ótimo!

E o Mateus olha para a garçonete, dando uma abaixada nos olhos para conferir o quadril, e replica:

- Eu não gostei! Não estava bom...

Assustada, a garçonete questiona:

- Por que meu senhor? O que faltou?

Assim inicia um bate-boca. Mateus questionando desde a qualidade dos produtos usados até o modo de preparo. Falando alto, diz que ele é cliente e sempre tem razão. Que nunca deveria ter ido naquela espelunca e etc.

A garçonete tentava manter a calma, apesar dos provocativos questionamentos de Mateus. Lúcia balançava a cabeça, enquanto Mauro e Joana tentavam acalmá-lo. Foi então que Mateus falou do tempero:

- Eu não vou pagar por esse troço insosso, sem tempero...

E a garçonete, perdendo a paciência, afirma:

- Claro que tinha tempero!

- Como tu sabes? Indaga Mateus.

Tomada pela raiva, sem pensar, ela responde:

- Sei por que provei um picadinho...

Escutou-se um:

- Fui logrado! E aí sim, começou a confusão...


Nota do Editor: Rodrigo Ramazzini é cronista.
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