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COLUNISTA
Rodrigo Ramazzini
16/02/2007 - 07h04
Reescrevendo a história
 
 

Há fatos na história que geralmente não questionamos, apenas sabemos que ocorreram de tal modo, e assim nos acostumamos a escutar e a retransmitir. O que poucos sabem é como verdadeiramente alguns deles aconteceram. A história a seguir narra como começamos a gloriar Jesus Cristo, o como e o porquê que Judas Iscariotes o traiu, bem como o motivo de idolatramos o futebol no Brasil.

Tudo iniciou quando Jesus Cristo, o treinador, criou um time de futebol no céu. Juntou os apóstolos e formou a primeira equipe que se têm notícias. Treinou durante meses, e já cansado de tanto praticar, sem ao menos realizar uma partida oficial, resolveu desafiar o Diabo a constituir um time também. Primeiramente, contudo, indagou a Deus qual seria a sua opinião sobre este desafio. Deus, como presidente da confederação de futebol, replicou: - Sabes tu o que fazes, meu filho. Queres jogar, jogue. Não tereis nada com isso. O que fazeis no máximo é indicar o árbitro. E assim, o anjo Gabriel tornou-se juiz de futebol.

Topado o desafio pelo Diabo, acertou-se a data e o horário da partida com facilidade, no entanto, o problema surgiu na hora de escolher o local, seria no céu ou no inferno? O anjo Gabriel, por uma questão de justiça, achou melhor que a partida fosse realizada em um campo neutro. Então, optou-se pela terra. Tirou-se um cara e coroa, sendo que o vencedor teria o direito de escolher o lugar na terra que se realizaria a partida. Vitória do Diabo, que não titubeou e lascou: - Eu escolho o Brasil!

Dia do jogo. Divulgada as escalações. O time do Jesus iniciaria a partida com: o goleiro André, Pedro, João e Tiago. Filipe, Bartolomeu, Tomé, Mateus e Tiaguinho, Judas Tadeu e Simão. Com Judas Iscariotes no banco de reservas. O Diabo, como um belo estrategista que era, anunciou a seguinte escalação: Lúcifer, capeta, capeta, capeta, capeta, capeta, capeta, capeta, capeta, capeta, capeta. Jesus não gostou da atitude do Diabo, esboçou uma reclamação, refletiu, e achou que o melhor mesmo seria ganhar o desafio.

Apita o árbitro. Começa a partida. O time de Jesus marca um gol logo aos cinco minutos, com Mateus. Três minutos após faz o segundo, um golaço de João. Judas Iscariotes então solicita para entrar na partida, afinal, já está dois a zero, e segundo ele, praticamente ganha. Judas insiste de cinco em cinco minutos para ingressar ao jogo. Jesus apenas replica: - Calma! O time do Diabo faz o primeiro gol com o jogador de camisa 7. E Judas Iscariotes logo diz: - Eu não falei que tenho que entrar, para segurar o jogo Jesus, coloque-me, caso não, vamos acabar perdendo essa partida. E Jesus novamente redargüiu: - Calma! Irritando mais ainda Judas Iscariotes. E assim termina o primeiro tempo.

Depois de passar o intervalo inteiro tentando convencer Jesus a lhe colocar na partida, discutir com os companheiros no vestiário, Judas Iscariotes retorna ao campo, senta-se no banco de reservas que ficava atrás da goleira defendida por lúcifer e, irritado, faz um beiçinho. Jesus passa, olha, e apenas balança a cabeça. Inicia-se o segundo tempo. A equipe do Diabo vem modificada, e pressiona em busca do gol de empate. Gol esse que não tarda a acontecer. Aos 18 minutos do segundo tempo, cruzou-se a bola para a área, encontrando certeiramente a cabeça do capeta número 9, dois a dois. Jesus em pé olha para o banco, Judas Iscariotes faz aquela cara de “eu não avisei” e convicto que entrará na partida, levanta-se e inicia o aquecimento. O jogo segue emocionante, com chances para ambas as equipes, quando aos 37 minutos da segunda etapa, Tomé recebe o cartão amarelo. Judas Iscariotes se aproxima de Jesus para receber as instruções, pois ele não manteria um jogador com cartão amarelo em campo. Jesus olha para Judas Iscariotes e proferi: - Este não é jogo para você Judas. Sente-se lá e torça pelos demais. O sangue de Judas Iscariotes “sobe a cabeça”, irritado, pragueja em um tom audível. Quando se senta novamente no banco de reservas, acontece o lance que poderá mudar o destino da partida. O árbitro Gabriel marca pênalti em Tiaguinho. Judas Iscariotes debate-se no banco, não acreditando no que estava assistindo. Simão é escalado para batê-lo. Coloca a bola na marca da cal. Neste instante, Judas possuído pela raiva contra Jesus, levanta-se do banco e corre em direção à goleira. Sabedor dos artifícios técnicos do Simão, pois treinavam cobranças de pênalti juntos, lado a lado, uma cobrança para cada, Judas realiza o ato que historicamente o “consagrou”, e grita para o goleiro: - É no canto direito! O goleiro escuta, e não sabendo se era no seu lado direito ou o do batedor do pênalti, resolve atira-se para o seu lado então. É a história. Placar final do confronto: Diabo 2 x 3 Jesus.


Nota do Editor: Rodrigo Ramazzini é cronista.
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