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Ano 1 - Nº 11 - Ubatuba, 16 de Agosto de 1998
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· O pequeno grande empresário
    Ricardo Faria
    holy@ubaweb.com

Vitinho - Foto: Ricardo Faria

Nessa época de crise financeira o que existe de gritaria não está fácil. Uns se lamentam, arrancam-se os cabelos. Outros rastejam, imploram tentando culpar sempre alguém, e o mundo gira. Quem não percebe as mudanças e se atualiza, perece. "Assim é, desde que as coisas são." Diria meu finado avô.
A choradeira quando é demais enche o saco, e a gente tenta achar algo diferente nesse mar de lágrimas. Foi assim que descobrimos esse Vitinho, 8 anos, no terceiro ano escolar, filho dos proprietários do conhecido restaurante Delícias da Cabocla, em Ubatuba, SP.
Há muito conhecemos a família e o menor deles, Vítor Junho Martins de Oliveira que sozinho toma conta de um quiosque ao lado do restaurante. E aqui está uma conversa radical com esse pequeno grande empresário: "o quiosque foi idéia de um rapaz e deu certo. Eu tomo conta, para vender tem bala, refrigerante, água, sorvete, vela, cinzeiro, caneca, panela, banana prata. Faz uns oito meses que eu estou trabalhando o quiosque. No começo, o vizinho me ajudava, agora toco sozinho. Sei todas as mercadorias que vendem melhor. Anoto tudo no caderno e quando vai acabando eu falo com minha mãe, Aparecida de Fátima Junho de Oliveira. O dinheiro eu dou para o meu pai, Hamilton de Oliveira. O quiosque vai bem.
Nasci em Caraguá e gosto muito de Ubatuba, do mar e de vez em quando vou à praia, sei alguns nomes dos peixes: peixe-leão, arraia, baiacu. Tem os de água doce: lambari, cará, amburê. Já fui num passeio de barco. Sou mais de nadar."
Durante a animada conversa, Vitinho nos leva para conhecer um pouco da mata que circunda o Delícias da Cabocla: "aqui é um buraco de tatu, debaixo dessa árvore mora um lagarto que já vi muitas vezes. Tem rolinha, sabiá, tiê sangue, tem muito passarinho por aqui."
Depois disso, tivemos que fazer com ele uns piões de brejaúva. Em troca, nos mostrou os cachorrinhos, filhotes de pastor com fila. Valeu, Vitinho!Fim do texto.
· Solidão
    EASN
    articulista@ubaweb.com

Eis o homem seminu
no batente da noite,
sem fé, sem utopia.
A aragem da serra
entra pela janela
e ele é apenas carne
e sonhos em decomposição.
O mundo vende mercadorias,
mas ele tem as mãos vazias
e o olhar tateante nas trevas.
As luzes da casa mentem
sobre o rumo das pedras
e ele navega sem leme
no centro da tempestade.
Então, deita-se, cansado
e um menino vem
com dedos de plumas
acariciar-lhe os cabelos.
Sussurra-lhe o nome
e o faz adormecer agarrado

ao cais que lhe resta.Fim do texto.


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