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Ano 1 - Nº 11 - Ubatuba, 16 de Agosto de 1998
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· Cidadania e Gerenciamento Costeiro
    Roberto de Mamede Costa Leite
    mamede@iconet.com.br

Forma-se em Ubatuba mais um movimento, tendo como objetivo o gerenciamento costeiro: é o "ACORDA UBATUBA".
Ubatuba em 1914 - Decadência
Hoje, dia 11 de agosto, comemora-se a fundação dos cursos jurídicos no Brasil; como DIREITO é a base fundamental da cidadania, tentarei compor nestas mal traçadas linhas o que se poderia chamar do "rap do ubatubano alienado".
Temos, em Ubatuba, alienado nossos direitos de cidadania, por não o exercermos.
O exercício da cidadania é conquista social que depende de nossa atitude e de trabalho diuturno: poder-se-ia dizer que é um estilo de vida, o único que nos pode arrancar de nosso atual estado de dependência de uma política irresponsável e predatória.
Nesta escravidão cívica não se diga estarmos consolados por estarmos em companhia de quase todo resto do Brasil.
Já dizia poeta-cancioneiro contemporâneo que "quem sabe faz a hora, não espera acontecer...".
FALTA DE CIDADANIA não é uma condição intrínseca e inalienável de nossa brasilidade: é somente falta de trabalho de conquista.
Cidadania é fruto de nossa ação. Nossa omissão nos torna responsáveis por nossa alienação, cujos resultado é sermos conduzidos por uma política, geralmente, desvinculada da representatividade do nosso voto.
Tendo o acima em vista, a grosso modo, poder-se-ia colocar nossas preocupações com o gerenciamento costeiro no fato de que não tenhamos sobre o assunto, no pé em que encontra, controle a respeito de suas diretrizes.
Mas, com todo respeito, a culpa é nossa e a solução parece que não é difícil.
Nossa culpa de não termos ainda votado a legislação complementar para a implantação do Plano Diretor de Município.
Nossa culpa por termos eleito executivo e legislativo que não se mexem neste sentido, como até em muitos outros essenciais ao desenvolvimento desta 'cidade morta'.
Pode-se dizer que Ubatuba é a mais recente, fora da época e do âmbito geográfico - Vale do Paraíba - das referidas na magnifica obra de Monteiro Lobato - URUPÊS E CIDADES MORTAS.
Aqui, há mais de ano, a ADC - Associação em Defesa da Cidadania e outros cidadãos conscientes vem pregando no deserto, conclamando a cidadania assumir-se, indignar-se, por-se a campo na defesa de seus direitos, mesmo aqueles direitos que não lhe digam respeito tão diretamente. O máximo que conseguiram foram sussurros de concordância, soprados enquanto olhando para os lados, com medo de se comprometerem.
Ubatubenses: está na hora de olharmos além de nossos umbigos, investindo na solidariedade social. ACORDA UBATUBA.
Os frutos positivos deste envolvimento, aparentemente desinteressado, sempre acabarão por retornar a nós. E virão mais rápido do que pensamos, até com a realização de nossos direitos pessoais diretos.
Não creio ser demasia afirmar que cidadania seria como a saúde e a liberdade, que só lhes conhecemos o valor quando as perdemos.
O que queremos demonstrar é que temos que aprender a defender nossos direitos, sempre, para construirmos uma sociedade atuante, solidária, enérgica, pujante, orgulhosa de si, sabedora de que quando a má sorte ou o poder arbitrário e injusto nos atinja, teremos a solidariedade, quase que automática, de nossos companheiros cidadãos.
E não se diga que a cidadania só se manifesta no conflito: muito pelo contrário, ela é tremendamente construtiva.
O poder político, quando a reconhece forte e organizada, a respeita e associa-se a ela, criando uma parceria extremamente saudável e construtiva.
Mas, voltando a 'vaca fria', o que está ai em gerenciamento costeiro merece ser reparado, entre outras razões para termos condições de indicar quem, o que e para quem fiscalizará o fiscal.
Praias da Domingas Dias e Lázaro - 1998
Vale lembrar, para nós paulistas de nascimento ou escolha, da natureza de nosso espírito, quando fixamos nosso princípio de ação na máxima:
NÃO SOU CONDUZIDO, CONDUZO (NON DUCOR, DUCO).Fim do texto.
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