Ele vai ficar bravo comigo, pelo motivo de novamente estar citando o nome dele “Cerol”. Gosto dele pela simpatia, pela pessoa agradável que ele é. Já foi meu aluno de matemática na escola Idalina, assim como sua, também simpática, esposa caiçara, Elisângela. Estava caminhando no outro lado da rua, indo até o Setor de Desenho da SAPU, quando ouvi um grito cortando o ar feito cerol: - Julinho, Julinho!? - Era o próprio, o primo do prefeito. - Poxa Julinho, você me citou em seu artigo no UbaWeb? - Pois é rapaz, tive que te citar também! Você não gostou? - Perguntei. - Não, até que gostei, só que o Eduardo me chamou a atenção. - Respondeu. - Mas por que ele te chamou a atenção? - Perguntei. - Porque nós não te demos a devida atenção na questão do Museu Caiçara! - Não tem nada, diante dos problemas diários que vocês têm, essa coisa de museu certamente não seria tão importante assim; é que eu sou chato mesmo e cobro. - Falei. Desculpas, promessas de resoluções, blablablá, blablablá, blablablá; deu aquela gostosa sensação de voltar a amizade de sempre, tanto com ele, como com o Maurinho, com o Americano, com o Eduardo César, enfim, as vezes fazemos algumas críticas e fica aquela sensação de que estamos desentendidos ou brigados, coisa desse gênero que na verdade é ruim, mas é bom. Aproveitando aquele sagrado momento de amizade reconstituída, lembrei ao meu amigo Cerol, de numa outra hora me convidar para tomar um cafezinho em seu gabinete. - Só se for agora! - Falou o Cerol. Naquele momento não podia, mas lembrei a ele que não queria um cafezinho intirume. - O que é cafezinho intirume, Julinho? - Me perguntou o Cerol. - Cafezinho intirume é o café puro. - Respondi. - Não Julinho, quando você vier, eu ligo pro Geraldo e peço a ele para me trazer um bolo de fubá cozido. - Falou Cerol. - Aí vai ser intirume e meio! - Retruquei brincando. - Então o que você quer mais, além do cafezinho e do bolo de fubá? - Aí, juntando a fome com a vontade de comer eu respondi com gosto e com vontade: - Lembra Cerol, que durante a campanha prá prefeito de seu primo Eduardo César, em que vocês toda semana me convidavam para um café; hora no Hotel São Charbel, no Palace, no Wembley e até na casa do Claudinei Salgado? Então, é daquele café que eu sinto falta. Como eram bons aqueles cafés! O Luiz Moura engordou três quilos e oitocentas e até ficou com papinha no gogó. Tinha de tudo. Tinha pão recheado com amizade, bolo de esperança coberto com chantilly de alegria, frutas de companheirismo, suco de participação, pão-de-ló feito no aperto de mão, torta de abraço, mesa enfeitada com flores de carinho... Aquilo sim que era café. Café do resgate! Aquele café foi tão bom que me deu forças para fazer campanha nos lugares onde andava, participar dos comícios, torcer, lutar contra os viciosos... Olha, aquele café foi tão bom que até hoje me faz ter esperanças, me faz acreditar que não teremos cabide de emprego através de novas secretarias, me faz acreditar que algum bairro da cidade vai servir de modelo de urbanização... Eeeeeta cafezinho bom! O café é uma bebida tônica, estimulante, relaxante. Convidar um amigo para um café é um ato nobre, é um ato de confraternização, união, descontração, de bom relacionamento. Acredito que tomando um café com um amigo num bar qualquer, se vai a Deus mais rápido e mais feliz do que muitas ações, ditas e bem ditas religiosas. Cerol, lembre ao meu amigo e vizinho Claudinei Salgado, que também estou com saudade daquele cafezinho pré-eleição que tomei na casa dele, quero cumprir a minha promessa de levar a ele a minha mandioca para cozinhar e tomar com café, pois naquela época tinha acabado de plantar, agora ta no ponto. Ah Cerol, tem um japonês pára-quedista aí, que precisa tomar um café bem doce, pois o cara é amargo toda vida, na época do Pirão Geral vivia com o olho arregalado feito guaruçá, agora tá que nem urutau no galho seco, faz que não enxerga a gente. Um grande abraço a você Cerol e recomendações a seu primo. Convido vocês a experimentarem o meu cafezinho com beraba.
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