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Pelo tamanho da desproporção, a verdade é que, três caravelinhas de “merda”, com meia dúzia de homens, dominaram uma nação com oito milhões de pessoas; se falarem que é menos, a desproporção não se altera. Caravelinhas de “merda”, uma ova, caravelas da mais alta e qualificada engenharia naval projetadas e construídas na época, embarcações que atravessaram o Atlântico sem nenhuma avaria. Aqui chegaram e cresceram os olhos; certamente que a princípio com um certo medo daquele povo praticamente desnudo, de caras pintadas e pintos de fora, mas como as aparências enganam, viram que era um povo bom, receptivo e que não mostrava qualquer tipo de agressividade. Como político em campanha, foram labiando, mostrando seus “santinhos”, dando-lhes quinquilharias e em meio a isso, já com um monóculo voltado às riquezas do lugar, e outro nos fartos seios que abundavam, aqueles brancos foram sacando a facilidade de domínio. O ancião vovô Kayapika já tinha falado: - Se for homem branco, peguem seus arcos e matem todos! Aí realmente, aquelas três “caravelinhas” tinham virado lenha no assado dos Cabral’s, dos Mendes, dos Oliveiras, dos Silvas, dos Pereiras... Que bom seria! Não estava hoje aqui, eu, escrevendo essas bobagens. Não tinha gente festejando o sete de setembro e muito menos protestando o quatorze. Infinidade de coisas não tinham e não estariam acontecendo; era só mata, pássaros, animais, mar sem poluição, tartaruga sem sacolinha no bucho, os rios cheios de peixes, e toda aquela população curtindo a natureza e vivendo em paz. Fico pensando: será que, se os portugueses não tivessem aparecido por aqui, ou se estivessem mortos, como queria vovô Kayapika, seria eu um Tupinambá, um Guarani, um Yanomami? Ou mesmo que seja, um Julinho Mendes português vivendo lá em Lisboa? Não sei! O que sei é que sou um brasileiro, mistura dessas raças e, nesse meu paradoxo pensamento, devo apenas contemplar o 14 de setembro - a Paz de Iperoig? Nessa minha contemplação, vejo agora que aquelas três caravelinhas de “merda”, navegaram país adentro e apoitaram no Planalto Central. Ali sim, é só merda! Mas que, da mesma forma, até mais poderosamente e sem armas (diferentes dos navegadores portugueses), eles dominam uma nação de 215 milhões de habitantes. Que povo fraco é esse? 215 milhões de pessoas sendo manipuladas e aceitando quinquilharias de meia dúzia de larápios. Essa é a sina desse país! Até quando? Fiquei pensando ainda, naquele saco plástico preto, que em protesto, colocaram na estátua de Anchieta e de Hans Staden, lá no monumento à “Paz de Iperoig”, na orla da praia; me deu uma ideia muito boa: vou até Brasília ensacar os três podres poderes, e saco não vai faltar para os “poderes” estaduais e municipais também. - Tenho esse poder? - Tenho merda nenhuma! O absurdo da “coisarada” toda, é que não estamos atinando para o já ocorrido massacre contra os nativos dessa terra, os atuais Tupinambá de cocares feitos com pluma de papagaios vivem em combate com os Guaianases de cocares feitos com plumas de tié-sangue, esses em apoio às já aportadas naus do império vermelho chinês, que aqui deixam bugigangas malacabadas de R$ 1,99 e, enquanto brigamos em vão, estão levam nosso pau pecuário, nosso pau agro e se duvidar, logo, logo estarão no domínio total, que já se vê fumaça nas vizinhanças desse país; e restará a nós Tupinambestas, arranjar uma floresta na Lua, ou em Marte, para se refugiar. Bom, mas volto ao “nosso” 14 de setembro, e o que posso fazer nesse dia, é me ensacar com saco preto, com meio saco na verdade, pois sou meio europeu, meio índio. A “Paz de Iperoig” e o monumento que aí está, não é pra ser ensacado, não é pra ser pichado, não é pra ser quebrado, ao contrário disso, é pra ser cuidado, limpo, iluminado e muito bem preservado, para que não esqueçamos do fatídico passado e atinarmos para o futuro.
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