Vem aí os royalties da Petrobrás. Os cofres públicos de Caraguatatuba engordarão com uma receita anual em torno de R$ 150 milhões. Serão criados cerca de 35 mil empregos na cidade vizinha. Em contrapartida, é certo que haverá intenso fluxo migratório e sua inevitável demanda dos serviços públicos. Redenção ou caos. Dependerá da criatividade e eficiência dos chamados gestores públicos. Em que medida seremos afetados pelas transformações que inevitavelmente acontecerão em Caraguá, além das migalhas dos royalties que nos caberão por força da legislação (Lei 7.525/86)? Diante desse panorama pressentido, uma questão vital se impõe a nós, ubatubanos - o Plano Diretor de Desenvolvimento Integrado, que deverá, quero crer, contemplar essa nova perspectiva regional. Está na hora de se definir que raios de cidade Ubatuba quer ser. Uma política, um projeto global para o município. Espero que não continuemos nesta de discutir feira hippie e quiosques. Antigamente era preciso subir a serra para estudar, hoje temos até faculdade, mas a nossa realidade cultural, as idéias dominantes no município, colocadas nas pautas das discussões, com raríssimas exceções, me dão nevralgia. Outro dia, li uma materiazinha no Imprensa Livre, que todo mundo já deve ter esquecido, sob o título: "Idosa morre atropelada por moto". Tratava do atropelamento de uma senhora, de 75 anos, por uma moto, quando a velhinha atravessava a Avenida Thomaz Galhardo. Bem, não quero falar das tresloucadas e desembestadas motos que cortam as ruas da cidade, como quem está para perder a mãe, nem do contra-senso dos congestionamentos de nossas ruas por automóveis, caminhões e ônibus, apenas quero questionar como pode uma cidade que se pretende turística, não oferecer segurança, sossego e descontração a seus moradores e visitantes. Carta, no Litoral Virtual, de um morador que reclama de nada ter sido escrito no "vistoso portal de entrada de Ubatuba [...] nem mesmo uma simples frase como ’Seja bem-vindo a Ubatuba’". Sugestão para se atender à reivindicação do leitor: para quem entra no município, a frase: "Deixai aqui todas as esperanças, ó vós que entrais" e, para quem sai: "E saindo, tornamos a ver estrelas" (A Divina Comédia - Dante Alighieri - cantos III e XXXIV - Inferno).
Nota do Editor: Eduardo Antonio de Souza Netto [1952 - 2012], caiçara, prosador (nas horas vácuas) de Ubatuba, para Ubatuba et orbi.
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