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Falar do "Capitão Deolindo" é lembrar das namoradas, dos amigos que tenho até hoje, dos professores, dos funcionários, é lembrar dos bailinhos de formatura para arrecadar fundos, realizados nas casas dos próprios formandos. É lembrar dos professores que acabaram se tornando nossos amigos: César Aranha, Hércules Cembranelli, Jair Geraldo, José Wilson, Maurício Pisciotta, Joaquim Barbosa, Waldir Marques, Joaquim Lauro, Wilma Alves, Sílvia Ley, Day Ferreira, Fernando Almada, Fernando Carvalho dentre outros. É recordar-se do Grêmio Estudantil 28 de Abril que sempre esteve presente nas promoções desportivas e na vida social do município. É falar do Zezito, do Mané Hilário e da Zanel. É trazer à lembrança o melhor diretor que o ginásio teve: José Celestino Aranha. Quantas gerações de ubatubanos se sentaram naqueles bancos escolares? Quantas histórias têm para nos contar aqueles que estudaram no Ginásio Estadual (hoje Colégio Estadual) "Capitão Deolindo de Oliveira Santos"? Terminei o ginásio (8ª série nos dias de hoje) em 1969, no prédio onde hoje está instalado o colégio Olga Gil. Era uma situação provisória. Aguardava-se o término e entrega do prédio que estava sendo construído pelo governo estadual. O mestre de obras na construção era o saudoso Antônio Canabrava. Os terrenos onde hoje estão instalados os prédios do Colégio Capitão Deolindo, piscina, Tubão e Delegacia de Polícia foram desapropriados para servirem a estas instituições e, ao mesmo tempo, serviram ao arruamento dos loteamentos Umuarama e Jardim Nova Ubatuba (SILOP). É bom frisar que o perímetro urbano da cidade terminava na Rua Gastão Madeira. A partir daí, era só mato e trilhas. A Rua Conceição, por exemplo, terminava na casa do Quinito Vigneron. Havia uma cerca e, depois dela, um caminho que passava rente a um poço enorme, onde havia muitas rãs, e prosseguia, indo até a salga do Tanaka, lá na Aratoca. A Rua Dona Maria Alves terminava na Esquina das Máquinas, mais ou menos onde hoje está situada a SABESP. A partir daí transformava-se num caminho de chão batido, ancestral da futura SP-125, Rodovia Oswaldo Cruz. A construção de um prédio próprio para o Capitão Deolindo, que até então funcionava no do Grupo Escolar Dr. Esteves da Silva (e somente em horário noturno) era uma antiga reivindicação e uma luta que envolveu principalmente os integrantes da USU - Unidos a Serviço de Ubatuba. Em 1968, quatro representantes dessa entidade estiveram em São Paulo para tentar acelerar o processo de doação da área e início da construção do prédio. Quem melhor pode falar sobre esses acontecimentos é o amigo Celso Teixeira Leite que, tempos depois, viria ser prefeito de Ubatuba. Nesses tempos, a USU, que tinha a participação de muitos jovens, também se articulava para conseguir implantar a Escola de Comércio (a Tancredo Neves de nossos dias), o que viria ocorrer pouco tempo depois. Naqueles tempos, caro leitor, a militância não era por um mundo melhor, mas por uma Ubatuba melhor, que pudesse oferecer melhores condições de ensino a seus filhos. A presença do Ginásio Estadual "Capitão Deolindo de Oliveira Santos" na vida de Ubatuba era intensa. De repente, tudo isso acabou. A impressão que se tem é que os jovens não estão interessados em questões coletivas, mas tão somente em seus interesses pessoais. São os novos tempos.
Nota do Editor: Eduardo Antonio de Souza Netto [1952 - 2012], caiçara, prosador (nas horas vácuas) de Ubatuba, para Ubatuba et orbi.
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