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Já dizia o caiçara antigo: "Na briga entre o mar e a costeira, quem leva chumbo é o guaiazinho". Coitadinho! Já na briga entre Carlos Rizzo e Eduardo Souza, na discussão sobre pássaros, é o Julinho que sempre é citado por estes dois cidadãos. Não sei qual a razão! Ou melhor, acho que sei sim, e venho agora prevalecer o meu direito de resposta e esclarecer o motivo. Muitos dos pássaros que hoje vivem em Ubatuba, lembro-me muito bem que, da década de oitenta para baixo não existiam aqui. É o caso do quero-quero, do biguá ou mergulhão e por último da pomba asa-branca. O caso do quero-quero, afirma Eduardo Souza, quem introduziu em Ubatuba foi Carlos Rizzo, que conheceu na sua chegada aqui na cidade, vindo de Itapuí (SP), em 1980. Era estranho o comportamento de Carlos Rizzo, pois o cidadão não levantava os braços para nada, vivia com os braços colados nas costelas. Curioso, Eduardo perguntou o motivo daquela situação e Carlos então respondeu: - Estou chocando dois ovos de quero-quero no sovaco! - Quero-quero? O que bicho é esse? Perguntou Eduardo. - São pássaros campestres que não existem no litoral! Passados vinte dias Eduardo Souza foi à casa de Rizzo conhecer tais pássaros. Era um filhote só, porque o ovo do sovaco esquerdo gorou, pois o sovaco esquerdo era raspado; aliás, segundo Luiz Moura, o sovaco esquerdo do Rizzo é raspado até hoje. Encantado com tal passarinho, Eduardo Souza propõe uma troca: - Você me dá seu quero-quero e eu te dou meu pica-pau! Achando estranha a proposta de Eduardo, Rizzo faz uma contra proposta: - Seu pica-pau está com o bico mole, este eu não quero, eu quero o seu jacu! Eduardo que estava de costas deu um pulo e ficando de frente respondeu: - Nada feito, meu jacu é de estimação, ganhei do falecido Chiquinho Corruíra. Diante do impasse, começou aí a rixa entre Carlos Rizzo e Eduardo Souza. Certo dia, cuidando de seu jacu, Eduardo Souza foi surpreendido por Carlos Rizzo, em sua casa. Eduardo esconde seu jacu de estimação dentro do fogão e recebe o recém ubatubense. Rola então a seguinte conversa entre os dois: Começa Carlos Rizzo: - Venho lhe fazer uma proposta. Retruca Eduardo: - Já disse que meu jacu eu não dou. - Não é isso Eduardo, quero ser seu sócio. - Sociedade em que? - Em criação de pássaros; você entra com seu pica-pau de bico mole e eu entro com o meu quero-quero fêmea. Criaremos um novo pássaro e ganharemos muito dinheiro. Virão muitos estrangeiros observar os nossos passarinhos... Rizzo então foi falando das vantagens dessa sociedade e Eduardo não pensou duas vezes, foi logo fechando negócio. Embora o pica-pau do Eduardo estivesse com o bico mole, o danado do passarinho madeireiro não perdoou o quero-quero fêmea do Carlos Rizzo, a bichinha já estava chocando seu único ovo, podemos dizer que era um ovão, pois o ovo era do tamanho de uma jaca. Eduardo achava estranho aquilo, mas Rizzo afirmava que era assim mesmo, pois cruzamento de quero-quero com pica-pau, o ovo seria um só, mas lá dentro tinha uns vinte passarinhos. Nasceu então o passarinho, cruzamento de quero-quero com pica-pau e Rizzo estava enganado, dentro do ovo só tinha um único pássaro e não vinte com afirmara a Eduardo. Nova briga começou entre os dois sócios. A briga não foi por causa de quem seria o passarinho, mas sim que nome dariam ao bichinho. Como toda descoberta ou criação leva o sobrenome do descobridor ou criador, Rizzo propôs chamar o passarinho de "QUERO-RIZZO". Eduardo enciumado propôs o nome "QUERO-SOUZA"... O leitor provavelmente dará outro nome ao novo pássaro, criado pelos cientistas Carlos Rizzo e Eduardo Souza, nomes estes que não poderão ser falados, só pensados. Pois é, a briga entre Carlos Rizzo e Eduardo Souza será ainda pior quando os dois cismarem de cruzar quero-quero com jacu ou quero-quero com pomba-rola, ou ainda, quero-quero com papa-pinto. Já pensou?
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