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COLUNISTA
Eduardo Souza
30/10/2005 - 10h08
Do Rizzo ao referendum e ao mundo melhor
 
 

Tá certo, o amigo Rizzo deu-me o troco direitinho. Sem trocadilho, o humor do Rizzo é comme il faut, como diria, nos bons tempos, a madre G. Bom sujeito, com muito savoir faire. Às vezes imagino-o de batina marrom e, nos pés, humildes sandálias de couro... Um São Francisco! Tal o amor dele às criaturinhas plúmeas do Criador. Ad majorem Dei gloriam. Ele me chama de ranzinza porque reclamo de tudo. Ledo engano, meu caro. Nada disso. Ranzinza é o nosso editor chefe. Não é à toa que vive sob ameaças virtuais. Não sou ranzinza. É mais um estilo ditado pelo tédio pós-moderno. Como dizia Manoel Bandeira: "Tenho tudo o que não quero / Não tenho nada que quero. / Não quero óculos, voto obrigatório"... Definitivamente, esse negócio de passarinhos é com o amigo Rizzo. E, já que não deve ir o sapateiro além das sandálias, como diz o ditado, saltemos de galho, mudemos de assunto.

O povo não é tão estúpido assim como imaginei. Refiro-me ao resultado do malfadado referendo. Proibir o comércio de armas na esperança de que acabe ou diminua a criminalidade no país é coisa de débil mental. É a mesma coisa que proibir a venda de isqueiros ou fósforos para que não ocorram incêndios. Não entendi o nexo causal. Será que os mentecaptos não sabem distinguir a condição necessária da condição suficiente para que ocorra um determinado evento? E esse negócio de misturar violência com crime? Outra estupidez. Violência faz parte da natureza humana. É inextricável. Nem todo crime é violento e nem toda violência é criminosa.

Cansei dessa oratória do pessoal da esquerda, dos socialistas petelhos, e agora do piçol da Heloisa. Acho que sou mesmo ranzinza. É que não guento mais essa gente a toda hora falando em injustiça social, em igualdade, em erradicar a pobreza, em criar um mundo melhor para nossos filhos e netos, blá, blá, blá.

Sobre o socialismo alguém disse que para planejar a economia, você tem que fazer orçamento: para fazer orçamento, tem que fazer cálculo de preço. Se você não tem economia de mercado, as coisas não têm preço. Se não tem base de cálculo, não tem economia planejada. Se não tem economia planejada, não tem socialismo. Na verdade, o socialismo não dá certo em sociedade. Mas eles acreditam que um dia vai dar. Eles acreditam que Cuba é o paraíso! Quem vai pagar o preço?

Sobre o tal mundo melhor que eles querem para nós, cito Olavo de Carvalho que, ao lado de Miguel Reale, é uma das melhores cabeças ainda vivas deste país: "Até onde alcança a visão do historiador, a pobreza e a desigualdade são as condições mais gerais e permanentes do ser humano na Terra. Não são de maneira alguma anomalias observadas, aqui e ali, sobre um fundo universal de prosperidade e igualdade. Também não são mutações sobrevindas após uma etapa historicamente registrada de riqueza geral e justa distribuição. O comunismo primitivo é uma conjeturação mítica exatamente como a Idade de Ouro de Hesíodo. Em nenhuma etapa histórica anterior ao século XVIII europeu observa-se um estado de espírito marcado pela revolta geral, radical e crescente contra a desigualdade social em qualquer das suas formas. Essa revolta, partindo da França, veio junto com a crença na possibilidade de uma sociedade inteiramente planejada por uma elite de revolucionários iluminados."

E ainda: "...Lukacs dizia que (...) só pode enxergar os males do presente, segundo ele, quem esteja empenhado em moldar o futuro. Mas isto é um típico jogo de palavras marxista, pois não há futuro predeterminado: os futuros possíveis são em número indefinido, e indeterminado o número de imagens que o presente mostrará nessa coleção de espelhos sem-fim. Se atrelarmos ao futuro nossa visão do presente só há um modo de escapar da hesitação eterna: é escolher entre esses futuros um que seja do nosso agrado e torná-lo arbitrariamente como medida do presente. Mas isto é fazer do gosto pessoal o juiz supremo em assuntos públicos, o que nos coloca na difícil contingência de admitir a insignificância de nossa opinião entre muitas outras." Por hoje chega, melhor ficar com as singelas pombas do Rizzo.


Nota do Editor: Eduardo Antonio de Souza Netto [1952 - 2012], caiçara, prosador (nas horas vácuas) de Ubatuba, para Ubatuba et orbi.
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