Lembro-me que na administração Pedro Paulo Teixeira Pinto, tivemos aqui um Festival Estadual de Bandas e Fanfarras. Até então as fanfarras de Ubatuba eram aquela coisa sem compromisso, onde somente nos aniversários da Cidade se ouviam os “bate-bum”. A partir desse festival aconteceu um fenômeno que mostrou a potencialidade musical de Ubatuba. Foi uma febre que atingiu a maioria das escolas de nossa cidade, onde nossos adolescentes começaram a se interessar por um instrumento musical. Essa febre durou até pouco tempo, onde o resultado disso foi levar o nome de Ubatuba a todo o Estado de São Paulo e por outros lugares do Brasil através das fanfarras campeãs que aqui tivemos. Outro resultado de maior beneficio foi o de ter muitos de nossos jovens saindo das ruas e se dedicando à música, onde muitos se profissionalizaram e vivem dessa arte. Temos hoje excelentes músicos o maestros, resultado de um festival, resultado de um incentivo e apoio à música nas escolas. Que fim levou as fanfarras de Ubatuba? Criamos agora a Caiçarada, uma nova tentativa de reunir aqui em Ubatuba, grupos culturais e folclóricos de todo lugar do Brasil. Vocês empresários, hoteleiros, comerciantes, professores, estudantes, políticos... Vocês sabem o que pode representar, reunir numa cidade, grupos folclóricos de todo Brasil? Perguntem lá para a cidade de Olímpia, no outro extremo do Estado, que vocês saberão! A Caiçarada foi plantada, e digo que foi plantada numa terra bastante fértil. Ainda de forma tímida conseguiu-se reunir toda expressão cultural caiçara de Ubatuba. Conseguiu-se trazer alguns grupos folclóricos do interior de nosso Estado para nos fazer um comparativo, e assim como as fanfarras de outrora, nos incentivar a crescer e melhorar. (Fiquei pensando naqueles jovens que ficam na avenida Iperoig, bebendo e fumando até tarde da noite; se eles estivessem presentes a esta festa e estivessem incentivando a dança, a música, ao folclore? Não teríamos uma comunidade melhor?) Parabenizo a Fundart – Fundação de Arte e Cultura de Ubatuba, sua diretoria, coordenador cultural, funcionários e os coordenadores dos Grupos Setoriais pela elaboração da Caiçarada. Mais uma vez foi plantada a semente, resta saber se nossos empresários, comerciantes, políticos, querem que essa semente germine e cresça. Está aí mais uma oportunidade, basta agora deixarmos de reclamar da situação e fazer esta festa crescer, regada a incentivos, colaboração e vontade. Caiçara por caiçara, existe do sul-fluminense ao sul-catarinense; se bobearmos e não levarmos a sério, os caiçaras de lá aproveitarão dessa idéia, e o que sempre plantamos aqui dará frutos em Paraty, Caraguá, São Sebastião... As cidades crescem devido a sua cultura. Vejam: Parintins tem dois bois, Barretos tem uma boiada, Olímpia tem a folclorada, São Luiz do Paraitinga tem a sacisada e as marchinhas de carnaval, Campos do Jordão tem a invernada, Parati tem a cachaça e literatura... E Ubatuba o que tem? Tem caiçarada, tem canoada, rabecada, concertada, passarada, florestada.... Tem tudo e não tem nada! Por que? Será que pensam que as coisas acontecem da noite para o dia? Não! Isso leva anos! Mas tem que insistir. Taí a Caiçarada.
|