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COLUNISTA
Julinho Mendes
02/02/2018 - 06h53
Os asfaltos de Ubatuba
 
 
Julinho Mendes 

Vou começar dizendo que no começo da década de 80, o prefeito José Nélio de Carvalho, de forma racional, urbanizou as ruas do Jardim Umuarama (Centro) com bloquetes de cimento, esse calçamento está até hoje, praticamente 40 anos do mesmo jeito, sem causar problemas de buracos e muito menos gastos com reparos. Depois dele vieram outros que, não muito racionais nessa questão de calçamento, começaram a asfaltar as ruas de Ubatuba e asfaltaram até onde não precisava (centro histórico da cidade que já tinha calçamento com paralelepípedos). Outros e outros continuaram o péssimo exemplo. Podemos dizer que os tais asfaltos foram de péssima qualidade e fora das normas técnicas e feitos em vésperas de eleições, os chamados asfaltos eleitoreiros.

A cidade e o povo vêm sofrendo com esses asfaltos fajutos. Anualmente sai muito dinheiro do cofre público (material e mão de obra) para resolver a problemática da buraqueira que se forma nesses asfaltos meia boca, que poderia ser aplicado em outros serviços de necessidade. Quando, geralmente após as chuvas, a buraqueira brota nos asfaltos, feito brotoejas em bunda de criança, há com certeza, devido as reclamações, um desgaste político-administrativo grande, porem percebemos que a esperteza dos “mágicos” é maior ainda, pois revertem o desgaste político em obra política, ou seja, as operações tapa-buracos transformam-se em mirabolantes obras de arquitetura e a “proeza” logo aparece nas midiáticas páginas de jornais, revistas, internet, Face... fotografias e filminhos dos mágicos ao lado do buraco morto, como se fosse um caçador ao lado de seu leão caçado.

Um secretário de obras, noutro dia, perdeu seu valioso tempo em querer me mostrar que seria impossível tirar o asfalto podre existente e colocar bloquetes de cimento, que isso levaria 150 anos e que a prefeitura não teria recurso financeiro para tal prática. Concordo! No sentido de que, por exemplo, o prefeito Sato em quatro ou oito anos não terá como tirar o asfalto da cidade e colocar bloquetes ou colocar um asfalto dentro dos padrões técnicos para durar vinte, trinta anos sem buracos, eu concordo plenamente que não terá condições, mas aí é que eu penso na sensatez e responsabilidade do verdadeiro político, vejamos a hipótese: Pega-se o plano diretor da cidade (que até pouco tempo estava junto com um jaracuçu do preto trancado dentro de uma gaveta) e cria-se (se é que não tem) uma lei que diz o seguinte: “Cada administração terá, obrigatoriamente, que executar, com bloquetes de cimento, 10.000 m² de rua por ano, dando sequência ao trabalho do anterior”.

Não importa se esse trabalho levará 150 anos, o que importa é que progressivamente a cidade ficará urbanizada e bonita, vão diminuindo os gastos com “tapa-buracos” e os nossos netos, bisnetos não irão reclamar dos buracos e muito menos verem o dinheiro de seus impostos sendo jogado em buracos.

Existem pelo mundo, principalmente na Europa do período medieval, obras e cidades que duraram 600, 700 anos para serem concluídas, ou seja, um Rei com seus “secretários” de arquitetura, engenheiros, planejaram e iniciaram uma construção... Morreram, nasceram outros, morreram, nasceram outros, gerações... e a obra foi concluída e na mais perfeita e bela imponência, existe até o dia de hoje. Ora veja; por racionalidade, sensatez, responsabilidade e sem politicagem, Reis e secretários fizeram o bem para seu povo, para sua cidade e para seu país.

Voltemos à terra de Coaquira... Ao contrário dos Reis medievais, os reizinhos de Ubatuba, em menos de 30 anos, já mudaram a avenida Iperoig umas três vezes e, pelo que sabemos, vão mudar novamente, aí eu começo a ter o sintoma da febre amarela em pensar que estamos andando em circunscrito; não temos olhos para o tempo medieval e muito menos para o tempo futuro. Dançamos a ciranda do passinho: um pra frente, dois pra trás - três pra frente, um pra trás.

É hora, da mais pura racionalidade, sensatez e responsabilidade o reizinho novo e toda corte legislativa pensarem na cidade, no futuro da cidade para uma boa qualidade de vida para nossos herdeiros; para isso basta constar no Plano Diretor da cidade a obrigatoriedade em projetar e começar executar, com qualidade, uma urbanização descente e adequada à topografia e ao solo da região e, penalidade a quem não cumprir.

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