Tevê à manivela
Risinhos toscos e mal disfarçados que não desçam ladeira abaixo nem caiam tanto em desuso pós o sessão de julgamento histórico do impeachment presidencial, porém, o que estava escrito, estava! E ademais nota de ofício/artifícios de recursos de última hora para salvar-se do ultimato, quem mais haveria de? Salvá-la? Do então nosso querido país falido, inteiro, poder dar novamente uma volta de 180 dias, digamos, também à estaca Zero? Tudo não parecia estar caminhando tão às “Dilmaravilhas”, foram só umas digitais mal acentuadas. Não, não houve pedaladas. Engulam, nobres senadores com aquilo que ainda lhes restam – a ressaca, a saliva, o mimimi com o enrosco todo. Tanto que o verso então cantado tempos atrás, “Apesar de você” e que amanhã deverá ser mesmo outro dia (desde que não mudem ou alterem o andar da coisa), muitos ainda perguntam por que raios o Chico Buarque tinha que inventar de conhecer justamente o Palácio do Alvorada às vésperas do Dia “D”? “Dilma, isso é um ratângulo, e não um quadrado”. Numa breve palavra de consolação para os que ficam: “O preço da fama muitas vezes é aquele que difama”. E se muitos ainda não tinham anotado isso em letras graúdas, e não virtuais, mesmo fora de Plenário, façam as honras. Doa a mais quem doer, alguém sempre sai perdendo a boa forma até cônica de detrair, de embromar no ato de articular o verbo. Mas também de trololós e lorotas que jamais saem de cena. Na verdade, muitos dos adjetivos, além dos verbetes e jargões, ganham reforços e até mesmo através de fãs clubes virtuais, com milhares de milhares de curtidas. O preço, claro, é sempre o da fama. Cinco minutos – com direito a réplica e tréplica – além do tira tosse habitual, hummm! Nesse quesito, não há “Nobre Excelência” em exercício da palavra que não queira dar com a língua nos dentes. Emendas, ainda que das mais ralinhas, que nos valham! Querem algo mais ao nível de depoimentos com o que manda a Constituição – acusação/defesa – sem pular um versículo, artigo ou do que deixou de pular no Relatório do senador Anastasia? Quem sabe decretos, elementos indicativos, Tribunal de Contas, demais análises, contextos etc., com o que mais ainda precisaria ser estudados para continuar o processo de alongamento do histórico “rito”? Facetas sobram aos montões. Agora se muita água ainda vai passar por baixo dessa ponte – juntados elementos à poeira que se cria e se amontoa ao lado – algum conteúdo proporcional sempre costuma escoar pelas brechas abertas. Haja vista, tudo isso até bem a mais atenta das perícias costumam errar na ponta do lápis.
Nota do Editor: Celso Fernandes (modarougebatom.blog.terra.com.br), jornalista, poeta e escritor, autor de “As duas faces de Laura”, “O Sedutor”, “Sonho de Poeta” (Ed. Edicon), entre outros. Colunista de Moda, Cultura & TV, escreve semanalmente em jornais, revistas e sites relacionados às áreas.
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