Outros, sapos-pipas (Um mal em si cabe), Falam pelas tripas: - "Sei!" - "Não sabe!" - "Sabe!" (Os sapos - Manoel Bandeira)
Chovia. Chovia pacas. Na rua, um desconhecido exclama: "Esta é a Ubatuba que conheço!" Sem dúvidas, mas eu detesto esta cidade encharcada. Em dias chuvosos, ubatubenses (ou ubatubanos) dos velhos tempos ficavam em casa jogando truco, nhanhando, consertando rede ou saiam para caçar rãs. O dia estava para rãs; se houvesse rãs nesta cidade. Acho até que nem sapo tem mais. Sim, posso maldizer a chuva sem ser adepto da seca, ora bolas! Não sou maniqueísta e detesto rotulações absolutas para as coisas deste mundo. Mas, já que estamos falando de batráquios, passemos à política, que é a arte de engolir sapos, com ou sem barba. Esteve no Brasil a Condoleezza Rice, preparando a vinda do Bush, que deverá tratar de assuntos delicados como o do sapo-ferreiro, mais conhecido por Chavez, que anda martelando na partitura socialista, regida pelo sapo intanha, o sapo barbudo sempre de farda que tem mania de coaxar por horas seguidas à saparia daquela ilha presídio e é o ídolo da nossa esquerda, que diz odiar ditaduras e amar democracias... Os sapos brasileiros, com o sapo-pipa à frente, devem dizer não ao Bush, o cururu yankee maligno. Alegarão estar atrelados à implantação do brejo socialista deliberado no Foro de São Paulo, em parceria com os anuros da Venezuela, os de Cuba e também das pererecas da selva colombiana, mais conhecidas por Farcs-hilídas. Sim, eu posso maldizer o coletivismo socialista, anticristão, totalitário, sem que seja defensor incondicional do livre mercado como solução única para os problemas deste país. Mas o que sei é que o socialismo não deu certo em lugar nenhum do mundo e muitos idiotas acreditam que aqui a coisa vá funcionar. Por enquanto estamos saltitando em direção ao brejo. Não gostar do Bush não significa que devamos ser estúpidos a ponto de excluir os Estados Unidos como parceiros no cenário da política internacional. Seria uma lulidade sapal. Dizem que governar é optar entre o desagradável e o desastroso, e esta alternativa, pelo andar da carruagem, deve ser a dos nossos atuais governantes. A esquerda tem mania de achar que o rabo é quem abana o cachorro. Cumpam, cumpam, cumpam...
Nota do Editor: Eduardo Antonio de Souza Netto [1952 - 2012], caiçara, prosador (nas horas vácuas) de Ubatuba, para Ubatuba et orbi.
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