Julinho Mendes | |
Final de semana, mês de julho, noite estrelada, ar festivo, Divino Espírito Santo. Vamos pra festa, meu bem?! E saímos na tentativa de curtir um evento cultural agradável. A igreja enfeitada, repleta de fiéis e uma cerimônia religiosa emocionante. Salvando o cultural religioso da festa do Divino Espírito Santo em Ubatuba que realmente é muito bonito e contagiante, a parte festiva espacial e cultural externo à igreja, deixa a desejar, que, diga-se de passagem, não é de agora. Não sei se são apenas os meus olhos e o meu senso que enxergam falhas e deficiências na questão festiva da festa do Divino, ou se tem mais alguém que percebe e que concorda ou não com o que irei expressar, mas, de qualquer forma, espero que a crítica seja construtiva. Vamos começar com o espacial da festa, ou seja, o espaço físico, que a meu ver é inadequado do jeito que está, com barracas juntas e apertadas, atravancando o circular das pessoas, dificultando o comprar das mercadorias, poucos caixas de venda de fichas causando enormes filas, automóveis circulando nas paralelas, jardim pisoteado, enfim, a meu ver, primeiramente deveria ter um planejamento conjunto prefeitura/igreja para estabelecimento do fechamento das vias laterais a partir de determinada hora, dando maior segurança as pessoas, colocação das barras nas vias ampliando o espaço, favorecendo o movimento e dando conforto as pessoas. Do jeito que está, o local não suporta a quantidade de pessoas, fazendo com que muitos saiam de lá aborrecidos, cansados de esperar em filas de compra de fichas e de atendimento nas barracas. É preciso reorganizar o espaço festivo da festa, com conversas, projetos e vontades. A parte cultural! A parte cultural é tão ruim quanto o espacial! Também precisa de planejamento, de conversas, de senso condizente, de espírito festivo. O enfeite, pra não dizer que é zero, eu digo que é paupérrimo. Não parece ambiente festivo! A praça deveria estar toda embandeirada, as barracas enfeitadas, os vendedores vestidos a caráter, alegorias e estandartes com os símbolos religiosos do Divino espalhados por todos os lados. E a música? Os shows musicais têm dois lados: o positivo, é que estão dando oportunidades aos músicos e grupos locais; eu só acho que tem determinado gênero musical que não combina em nada com a festa, mas tem quem gosta e gosto não se discute; o lado negativo é a amplitude em que colocam o som, chegando a cansar e a doer os ouvidos de quem realmente gasta na festa (as famílias, os idosos). O som, a música, têm de ser moderados, atrativos, gostosos; as pessoas saem da missa com aquele som celestial, entram na praça com som infernal. Que contraste espantoso! E realmente espanta quem quer curtir um som e uma música de qualidade. A festa do Divino Espírito Santo é de cunho religioso e folclórico e de comovente expressão cultural, o que acontece e vem fortemente se mantendo no ritual religioso da comunidade católica de Ubatuba, contudo, na festividade atrativa e arrecadadora da praça, os agentes festeiros, não se atinam, não se preocupam, não se sensibilizam em valorizar e apoiar a questão folclórica. No meu modo de entender, já que tem o dia musical do rock, o dia musical do samba, o dia musical do forró, o dia musical da MPB, porque não ter o dia musical e visual do folclore, com a Dança da Fita, Congada de Bastões, Fandango Caiçara, grupos de quadrilha, grupos de música de expressão caiçara e de raiz brasileira como o grupo CANTAMAR, UBACUNHÃ e CONCERTADA? Essas manifestações estão à beira da extinção justamente por não terem incentivos e apoios, por não terem olhos que enxerguem a importância de se manter a cultura, o folclore e a música raiz local. E isso minha gente, eu digo o que ouvi de famosos antropólogos: é terrível! Mesmo! Aí entra o dito popular: “Divino de casa, digo, santo de casa não faz milagre.” Era hora da Igreja e administração municipal, se unirem e promoverem um grande encontro folclórico de grupos de Folias do Divino, de Reis, Moçambique,... de todo o Brasil, numa festa que realmente atraia o turista e desenvolva a economia local, mas... Ora mas... dá muito trabalho, deixa pra lá e, fiquemos do jeito que está, sem evoluir, que já é tradição nas pequenices da cidadezinha!
|