Julinho Mendes | |
“A mesma praça, o mesmo banco, as mesmas flores e o mesmo jardim. Tudo é igual, mas estou triste, porque não tenho você perto de mim” Quem não se lembra ou não ouviu: A Praça, de Ronnie Von? Se fosse parafrasear a letra do compositor, eu não diria o mesmo da nossa Praça Exaltação da Santa Cruz, mas estou triste, pois a nossa praça, há tempo, não é mais a mesma. Iniciei essa crônica exatamente às dez horas da noite; há 20 minutos atrás, portanto, às 21h40 tirei a foto da imagem acima. O que me fez tirar essa foto foi a lembrança de tempos de criança e de adolescente em que, num domingo como hoje e neste mesmo horário, a praça estava festiva, repleta de gente; fiéis que após a missa e outros que do cinema saiam, ali ficavam para curtir o resto da noite; no coreto, a Banda do saudoso maestro Pedrinho com seus maravilhosos músicos enchiam o ar de canções que alegravam os corações. Pipoqueiros diversos, algodão-doce, amendoim torrado, cocadas, balões; crianças saltitantes com as mais diversas brincadeiras... Eu estava no meio daquela “apoteose”. Infelizmente hoje está diferente, conseguiram também acabar com o que tínhamos de mais singelo, festivo, ingênuo, aconchegante, carinhoso, romântico... A nossa Praça da Matriz, além de feia, está sem vida, triste, morta. Da missa os fiéis vão para suas casas, o tal teatro, fantasmagoricamente permanece fechado e escuro, uma amendoeira seca dá um ar amedrontador, o físico arquitetônico da praça está em ruínas. Como diz a letra da música de Zezé Di Camargo (Meu País): “Feito um trem desgovernado, Quem trabalha tá ferrado, Nas mãos de quem só engana, Feito mal que não tem cura, Estão levando à loucura, O país que a gente ama...” Parafraseando, agora eu digo: “Feito mal que não tem cura, estão levando à loucura, Ubatuba que a gente ama”. Aí eu pergunto: Cadê a Banda para musicalizar e tornar a praça de novo atraente, festiva, alegre, romântica, amorosa; cadê o teatro para promover conhecimento e cultura, fazer movimento; cadê os artistas de rua para encenarem uma peça aos pés do obelisco, cadê os caiçaras com seus folclores fandangueiros, cadê o grupo CANTAMAR para mostra a música raiz de nossa terra e encenar o auto do Boi de Conchas... Cadê? Cadê? Essas perguntas, que não são só minhas e que na verdade não são de hoje, mas oportunamente agora, eu faço à dona FundArt. Essas perguntas eu faço ao secretário municipal de Turismo. Essas perguntas eu faço ao senhor prefeito. Essas perguntas eu faço aos senhores vereadores. Caras, desencostem! Façam valer os altos salários que nós lhes proporcionamos! Caras, a cidade, em todos os sentidos, está triste pela inércia de vocês! Se nessa terra tá cheio de artistas, atores, dançarinos, contadores de causos, poetas, músicos, instrumentistas... O que é que há Ubatuba? O que é que há? Eu sei o que é que há! Eu sei o que é que há! Valorizem os artistas da terra, pois, com certeza, são esses que alavancarão a politiqueira, embora “política”, a que vocês dizem fazer. Mudamos de “Dudu” para “Mamô”, pra ver se algo acontecia, mas tanto com “Dudu”, tanto com “Mamô”, o marasmo se instalou e o marasmo continua. Perdoem o meu desabafo, mas eu repito: O que é que há Ubatuba? O que é que há?
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