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COLUNISTA
Celso Fernandes
02/05/2014 - 09h02
Televisivas. Rebobinadas, retocadas
 
 
Tevê à manivela

• Bem ou mal, falem e cliquem em mim e que o inventor do controle remoto descanse no sofá bicama em paz. Ou, quer aonde esteja. Mas que o poder da criação continua gastando novidades em pêlo e pescoço, aquele que primeiro clicar, clicará. Pulem o capítulo inédito das pegadinhas reprisadas, do morning show também em versão estendida noturna, vídeos cacetadas da internet com direito a tira teima e tudo pelo apresentador. Rever seguidas vezes é preciso. Decorar é impossível. Sorria, pisque ritmado, porque você agora está sendo filmado em terceira, quarta e quinta dimensão. Os programáveis por certo são retocáveis, digo, retornáveis. Gravando!

• E já que o melô continua, daqui, continuamos algo que pela falta de assunto no que equivale ao patrocinador. Eles bancam e nós rebatemos de bom tamanho. A novela global vai naquelas de saúde é o que interessa ao amor impossível, ao quadrado. Onde come um, comem todos de uma só vez à cor da pele. Pelo menos usamos da boa imaginação. Novela tem que ter uma boa comida de rabo, ops, maquilagem exposta e pouso final. O que não pode ser consumido à vista pode muito bem ser atribuído a prazo. No cartão, no cheque e no boleto bancário com leve toque de desconto. Fui claro?

• Segue o tema. Tanto é que teorias se inventam, se agrupam, avolumam. Porém, filosofando o ainda não filosofado é que uns nascem prontos – e na lata – com o dom de ser chatos; outros, e não necessariamente nesta ordem, o adquirem por natureza. Só não podemos alterar em muito a ordem dos fatores. Sobre o mal que não pode ser cortado pela raiz é bom adicionar que todo fruto do bem tem lá a sua cicatriz. A priori, os rendimentos, os acontecimentos, nem sempre são uma constante. Nesse quesito, o país leva jeito. Os noticiários não inventam. Fato é fato e veto de governo é veto.

• Aliás, no jogo do abafa abafa três vezes o último que ocultar, morder algum por baixo do pano, tem gente que resolveu vestir até o pijama daquela empresa – quem veste a camisa da minha sou eu – para dar o exemplo de que na verdade e no duro mesmo não foi lá um mal negócio da China e que se ninguém tivesse enxerido, metido o bico na conta alheia, nada teria vindo à tona. A tal usina logo logo cai no esquecimento e podemos descartar mais essa bomba. Aos desavisados, um lembrete de ímã de geladeira. Para quem não morou na jogada, o mundial da Copa está aí e vamos nos concentrar na chuva de gols e na prévia (não costumo me enganar) o “Caneco” não vai ser nosso. Se for, vão derreter para saldar as dívidas. Tapar o buraco.

• E vamos mais do dilema, porque fazer festinha nas costas do outro sempre foi motivo de sobra para se expor a dentadura postiça regada a sessão boca livre. Até o rei Roberto agora come do pecado da carne em público para dar o exemplo que nunca foi vegetariano. Almoçá-los antes que nos jantem é a regra normalmente domingueira e essa eu assino embaixo ao poder do lápis borracha. Como tal, a ordem dos copos não altera o teor calórico 40 graus Celsius do produto. Só não vamos inventar que todo esporte não mereça um bom jogo de cintura mesmo sob o julgo da “Lei dos Improváveis” em pleno andamento. Com um pouquinho de esforço a bola é sempre a da vez. Fazer as pazes com ela vai do consumidor atarefado. As vuvuzelas, as corneteiras, os apitos ensurdecedores, todos, em breve vão soar. Junto com eles o estandarte das caxirolas no riso geral.

• Findo o fato que nem tudo o que reluz não seja ouro, quanto menos pega ferrugem a curto prazo, tal aquela desdita, idem, que as aparências muitas vezes são as que desenganam – grosso modo – a farra continua ainda sendo a do boi. E que ainda se vou chorar o gelo derretido pela soma do undéssimo de aumento no meu salário este ano (pois, dizem que está tudo sob controle), então, “soy loco por ti América”... Agrados, isto sim, muito além do meu formato tela plana. Direto do mundo virtual, claríssimo, e no que deve sair mais em conta. “Soy loco por ti, amor”...


Nota do Editor: Celso Fernandes (modarougebatom.blog.terra.com.br), jornalista, poeta e escritor, autor de “As duas faces de Laura”, “O Sedutor”, “Sonho de Poeta” (Ed. Edicon), entre outros. Colunista de Moda, Cultura & TV, escreve semanalmente em jornais, revistas e sites relacionados às áreas.
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