Julinho Mendes | |
Mãe, mas este precioso fruto de Teu ventre Deu vida eterna a todos os fieis que O amam, E prefere a magia do nascer à força da morte, Ressurgindo, deixou a ti como penhor e herança. Um dos versos do Poema à Virgem, escrito pelo padre José de Anchieta nas areias da praia de Iperoig, em Ubatuba. Provavelmente, antes de Anchieta, algum índio Tupinambá (artista ou não) também escreveu, desenhou, compôs nas areias de nossas praias. É comum esse ato pelo fato da pessoa se distrair, brincar, desenvolver criações, composições. Minha primeira experiência artística em areia de praia foi quando criança, com a querida e saudosa Madre Maria da Glória, na chamada escola de arte da ALA, que semanalmente nos levava à praia do Perequê-Açú para nos ensinar a fazer esculturas na areia; a escultura na areia é uma arte desenvolvida em diversos lugares do mundo. Como caiçara e ligado às coisas do mar, aprendi com meu pai a caminhar nas areias da praia, principalmente em dias de maré vazia; é maravilhoso sentir os pés na areia molhada do “lagamá”, observar às cores, as formas, a natureza morta e as vivas que ali existem. Hoje, infelizmente, encontramos muito lixo, objetos que pessoas sem juízo e sem noção jogam diariamente nos rios e nos mares e que acabam nas areias das praias, causando assim todo tipo de poluição. Um dia, nessa minha rotineira caminhada pelas areias, avistei ao longe um casco de tartaruga; era o que parecia, mas chegando perto reconheci que na verdade era uma tampa de privada. De qualquer jeito me decepcionei! Mas me veio a ideia de transformar aquela tampa de privada em uma tartaruga. Por que não? Foi o que fiz! Peguei uma varinha e “dei vida” à tampa de privada, transformando-a em uma tartaruga. Achei legal, interessante e aquele desejo que toda criança tem, de possuir uma varinha mágica, estava em minhas mãos. Eu possuía uma varinha mágica! E comecei a “dar vida”, completando os objetos e artefatos naturais ou artificiais em figuras e desenhos artísticos. Confesso que não sou bom desenhista, mas meus riscos complementares compõe uma figura representativa, que às vezes ainda vem com alguma frase e poesias. É isso o bacana! Olhar objetos e imaginar uma figura, criar, compor... Em homenagem ao padre José de Anchieta, oficialmente, primeiro a escrever nas areias de nossas praias eu recrio e batizo essa arte com o nome de “Anchieterapia”. Assim como pintar um quadro, esculpir uma madeira, modelar um barro, escrever uma poesia... compor na areia da praia é também uma arte, um prazer, uma emoção, um sentimento de criação muito grande e tudo isso agregado ao meio ambiente: ao ar livre, ao sabor do mar, ao cheiro da maresia, ao canto das ondas e gaivotas, ao calor do sol, ao frescor da chuva... É, com certeza, uma terapia! É Anchieterapia! Venha praticar! Quem quiser ter um primeiro contato, conhecer e aprender a técnica dessa arte entre em contado pelo e-mail: julinhomendes@terra.com.br; formarei um grupo e marcarei dia e hora para prática de praia. E quem apenas quiser apreciar; todas as terças-feiras aqui n’O Guaruçá, com o título “E nas areias de Ubatuba...” estarei apresentando minhas composições (Anchieterapia) com o encontrado nas areias de nossas praias.
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