Julinho Mendes | |
“Laranja madura / Na beira da estrada / Tá bichada, Zé / Ou tem marimbondo no pé” Pois é! No caso do nosso pé, não é laranja e não tem fruta madura, ainda. É o nosso pé de graviola que está na beira da rua Cunhambebe e agora, por sorte da natureza, um enxame de marimbondo-tatu resolveu construir sua moradia e, com certeza, o verso da música de Ataulfo Alves, marcada na voz de Noite Ilustrada, vai prevalecer quando as graviolas estiverem maduras. Quem é que vai ter coragem de subir no pé para tirar as frutas? Por experiência e conhecimento de causa, eu digo que o marimbondo-tatu é uma espécie de vespa mansa, não ataca ou agride, se ninguém mexer com eles, caso contrário, na defesa de seu lar e principalmente de seus ovos e filhotes, que estão em processo de desenvolvimento lá dentro, eles são ferozes. E quem tem coragem de tomar uma ferroada? Eu, “acidentalmente”, já tomei ferroada de diversas espécies de abelhas e marimbondos, mas digo que a ferroada do tatu é uma das mais doídas, perde apenas para o marimbondo “aperta-goela”, esse, como o nome diz, além de doer muito no local atingido, suas enzimas também chegam a afetar as vias respiratórias (traqueia, brônquios). Marimbondo-tatu, marimbondo aperta-goela, amarelo, caga-fogo, mamangava, arapuá e tantos outros são insetos de grande importância dentro da fauna e flora e em nosso habitat, aliás eles são protegidos por lei (Lei n° 9.605/98 - dos crimes contra a Fauna). Por falar em crime contra a fauna, que tempos dantes não era crime, aconteceu um fato que ficou marcado e hilarizado entre os caçadores de Ubatuba. “João Alegre era grande violeiro, isso todo mundo sabia, mas de tanto ouvir as façanhas de caçadas de seus amigos, um dia aceitou o convite para uma caçada; convite feito por um dos maiores caçadores da cidade, o saudoso Vicente Ramos. E foram... Aconselhado a vir atrás, até pela inexperiência e por não conhecer o mato, João Alegre seguia a picada a uns cinquenta metros atrás de seu Vicente. Nem bem entraram no mato o tiro comeu solto da espingarda de João. Poulllllllllll... Seguido o tiro ecoou também os gritos de João Alegre: - Matei, Vicente, matei! Mais que depressa Vicente volta ao encontro do amigo. - Atirou no que, João? - Atirei num tatu, mas o bicho engarranchou no tronco da árvore; olha lá, tá lá ele. Morrendo de rir, seu Vicente esculhamba: - Sua besta, aquilo é uma casa de marimbondo-tatu e vamos correr que o enxame tá roncando e tá vindo em cima de nós. Onde já se viu tatu trepado em galho de árvore? João Alegre tinha atirado num ninho de marimbondo-tatu, que o formato é idêntico à carapaça de um tatu.” Isso com certeza ainda vai ser motivo de risos e brincadeiras por parte de Isaias Mendes, Oscar Miguél e Melquiádes, que passam o dia conversando, sentados no banquinho aos pés da “gravioleira”, que agora tem um tatu trepado no tronco da fruteira. Ah! Lembrei-me agora de uma outra particularidade desse marimbondo a qual tive a oportunidade de presenciar: é que de noite, sentindo ameaçado e não podendo esvoaçar em cima do agressor, a colmeia toda, em rufar de asas, emite um som parecido berro de onça, que também assusta e faz afugentar quem está próximo, seja homem, seja bicho. Meu amigo, caiçaríssimo Zé Ronaldo, certamente tem conhecimento desse marimbondo e certamente em seu blog www.coisasdecaicara.blogspot.com.br, vai apresentar e acrescentar algo, seja de marimbondo, abelha ou mamangava. Fala, Zé!
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