Julinho Mendes | |
“- É... voar que nem gaivota, que ele desejava tanto... não tinha mais sentido, seu Hermenegildo. Ele voou foi é para o lado de lá... onde quem tem asa são os anjos... Quer saber de uma coisa? - falou, dando uma cusparada no chão do boteco e já se erguendo, meio zonzo, para ir embora - Pra mim esse menino era um anjo, sim senhor.” - “Os pássaros”, de Eduardo Antonio de Souza Netto - 29/6/99” Dentre tantos, até já publicado aqui n’O Guaruçá, o escrito acima é o final de um lindo conto escrito pelo, já saudoso, amigo caiçara Eduardo Souza. Talvez, viajando na mitologia grega e pensando na fábula de Ícaro, Eduardo retratou o conto, no universo caiçara. E não podia ser diferente; ferrenho defensor de nossa cultura, poeta, escritor, Eduardo, acima de tudo, era um amante e romântico por Ubatuba. Queixoso, às vezes por ver e sentir o rumo degradado, descuidado que a cidade tomou em função da especulação imobiliária, do êxodo de seu povo explorado e enxotado de seu habitat, da politicalha desvairada, da falta de atitudes e critérios de Ubatuba não ser e não ter um reconhecimento turístico mundial que merece. Enfim... Ele voou e foi pro lado de lá... E como gaivota, nos mostrou onde está o cardume de peixes. Como araponga, jacutinga, tucano, espalhou semente de sabedoria. Como sabiá, cantou sonoros e deliciosos contos e poesias. Ao Eduardo Souza, agradeço ainda pelo meu primeiro emprego, a qual me tornei um apaixonado pela profissão. Obrigado, Eduardo Antonio de Souza Netto!
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