Tevê à manivela
Segue o tema de que em matéria para se reprisar basta apenas você rebobinar, apertar o play, fazer figa, aguardar, para ver tudo de novo, não é à toa que dentro desta idolatrada “caixinha de surpresas” quase nada mais de tão maravilhoso se cria. Tudo se copia, pouco se melhora, se adapta, ou se transforma. Sic. A primeira vai ser igual a segunda e vice-versa. Sem chorumelas. Aliás, vamos rever o que hoje - do também imbatível “relembre” -, hein, Adalgisa? Do “Quadriângulo Amoroso” à beira de um ataque de nervos da global “Avenida Brasil”, das fotos da maquiavélica Carminha (Adriane Esteves) em dias de fúria, transando no sofá bi-cama de molas aos ´nhocs, nhocs`, com o amante; da enterrada viva Nina (Débora Falabela) que voltou do reino dos mortos para saborear o bom prato do dia servido à francesa (mesmo aquele que comemos frio, requentado), levando a ex-patroa ao temido surto e reviravolta, revanche, na melhor de três? Disso já tivemos notícias de fazer donas e mais donas de casa roerem as unhas dos pés. Ou que dosar no dedo duplo de quantos litros do DOMEK à base de Alambique auto-servido no gargalo e pelas barbas do sempre sorridente Nilo (José de Abreu), a torcida uniformizada deste lado de cá da poltrona agradece pela audiência dos 40, 45 pontos no ibope. Tufões que aguardem pelo novo boletim noveleiro tecnológico e que não nos apareça outra personagem então na pele de loura periguete em ensaio stripper LONG NET entre ´cliques caseiro` que foram parar na rede da web ´socialmania`, com a mesma saindo descabelada delegacias e mundo afora. Diga-se de bom tamanho, que a comidinha, no cronológico da onda do troca troca de casais rotineiro, o ´sazonzinho` fica por conta de quem chegar e comer primeiro. “PRIMEIRO”... E por falar em Domek caseiro, abre aspas, não temos de quebra aquela história do sujeito - talvez no futuro do passado - que em fase de lei seca, sozinho em seu “ap”, que vivia soturnamente a agarrar do cobiçado litro semi-cheio, o que para ele chegava a ser uma glória, quando os olhos saltam, brilham ao facho da luz da janela; já na fase-3, igual cobiçado litro, semi-vazio: sinal de cambalear, rosnar pelos cômodos entre ´4-paredes`, corroendo injúrias no monólogo das lamentações! Fecha aspas. Certo modo não mudamos muito na lista dos destilados (ainda que na ficção que tão bem imita a comédia da vida privada). Isso tem sido blefe repetitivo de autor para autor. Assim. Sem grandes novos aplicativos. Tête-à-Tête. Lembrete aí no seu ímã de geladeira, please: “Se for assistir, não faça isso em casa”; porém, só não dispense a sessão “boca-livre” na tenda do vizinho - consuma com tamanha moderação. Pois a oportunidade pode ser apenas aquela conhecida como de ocasião. Na promoção do churrasco congelado em pleno Domingão do Faustão nem se fala! É pegar a senha, se (auto)fartar frente aos menos compadecidos, de repente, na visão de um longínquo fome-zero e olhe lá! Sem querer encher tanto a bola de ninguém de sobreaviso quanto a criatividade com que tem sido aplaudida em demasia bancadas de ´Cqc’s`, ´Bbb’s` e (lati) Fazendários, salvo as pererecas livres no curral, edredons, ops, contamos ainda com o famosíssimo QCQ (´Quem Copiou de Quem?`) em nome da nossa santa malvadeza em questão. Principalmente em épocas de programações remarcadas, rebobinadas. “All Remake, please!” Se acreditamos que para tudo há sempre um bom começo, meio e recomeço, não custa ofertar de bandeja que o preço só de você ter lido até aqui vai ser o mesmo. Já quanto aos menos pretensiosos do nosso repeteco televisivo diário, ou se de verdade “A vida é uma guerra: é você ou ela” (tal o disse a Carminha em questão pós cusparadas de plasma em dias de fúria), também!, “Não torturarás em vão”. Como recorreria os universitários do patrão Silvio Santos àquele orador de penúltima hora no palco: coincidentemente (quem sabe na arte de querer imitar, embromar, surrupiar sempre o que é do próximo) tudo o mais não coincide em tudo? Mais uma, ou outra dessa, só se for para remédio! A minha, ora bolas, pode ser dupla, e nada de “dose para gatinho”! Ah, ia me esquecendo (óbvio, do velho e manjado joguete do esquecimento das coisas), uma vez sacramentado que a vingança é um prato que se come frio, requentado melhor ainda, nada como recorrer ao tira-teima de claquetes amontoados e saber o quanto evoluímos - algo assim que por conta de um categoricamente correto. Agora se por outro lado uma mão lava a outra e as duas se enxugam na mesma toalha, por hora eu enxáguo é as minhas e ponto final.
Nota do Editor: Celso Fernandes (modarougebatom.blog.terra.com.br), jornalista, poeta e escritor, autor de “As duas faces de Laura”, “O Sedutor”, “Sonho de Poeta” (Ed. Edicon), entre outros. Colunista de Moda, Cultura & TV, escreve semanalmente em jornais, revistas e sites relacionados às áreas.
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