Julinho Mendes | |
Tudo começa pelo começo! E se hoje Caruaru tem a maior festa junina do mundo é porque deram valor e apoiaram quem iniciou lá no passado. Vislumbraram um desenvolvimento turístico e econômico, e tudo muito profissional e planejado. Incentivaram e promoveram os dançarinos de quadrilha, os forrozeiros com seus instrumentos, os elementos do folclore local. Guardadas as devidas proporções, as quadrilhas juninas de Caruaru e região são tão iguais às escolas de samba do Rio de Janeiro, são tão iguais aos enfeites e a parada natalina que acontecem em Canela e Gramado, na região sul do país. Tudo parte do princípio de trabalhar a identidade do local. Assim é São Luiz do Paraitinga com seu carnaval de marchinhas; é Paraty com sua Flip, Jazz, cachaça; é Paraibuna com seu bolinho caipira... E nós aqui, terra de quase quatrocentos anos, que identidade cultural assumimos? A nossa festa de São Pedro foi musicalmente banhada com rock, pagode, reggae, sertanejo, forró, samba. Nada contra, mas no mínimo, tinha que ter um dia destinado aos grupos folclóricos e cancioneiros tradicionais de nosso extenso litoral caiçara. A arena montada na festa de São Pedro, acho que foi a maior e mais bonita que já se montou, mas a meu ver, salvo a barraca da casa dos artesões junto aos artistas plásticos, a barraca do projeto Tamar e outra tenda que tinha a canoa Maria Comprida, toda aquela estrutura serviu como praça de alimentação. Não tem que ter? É lógico que tem que ter, mas ao meio disso tem que ter os ingredientes juninos: bandeirinhas, balõezinhos, fogueira, pau de sebo, correio elegante, cadeia do amor, grupos de quadrilhas, gente com chapéu de palha, camisa xadrez, calça rasgada, vestido de chita, cores, brilhos, emoções. Eu não sei por que não fazem um concurso de dança de quadrilhas? Um concurso de contação de mentiras? Um concurso de fantasia (casal caiçara) mais bonito? Um festival de músicas inéditas com tema que fale do pescador, do mar, do caiçara? (Temos grandes compositores e interpretes em Ubatuba e região!) Cara, cadê tudo isso?
|