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COLUNISTA
Julinho Mendes
04/07/2012 - 09h01
E o resgate, hein?
 
 
Julinho Mendes 

Ontem falei dos enfeites juninos que Caruaru e demais cidades pernambucanas (por onde passei) fazem para comemorar a data e recepcionar os turistas.

Hoje falo da valorização e da importância que é tratado o artista local e regional na festa de Caruaru. Observa-se que do mais humilde e anônimo ao mais exaltado e profissional artista pernambucano é reconhecido e valorizado na festa junina de Caruaru. Os zabumbeiros, triangueiros, sanfoneiros, tocadores de pífano, bacamarteiros, pintores, artesões, cantadores, repentistas, contadores de causos, cordelistas etc., todos, ao vivo e a cores, mostram suas artes que encantam e alegram o público que circulam pela festa.

Não poderia ser diferente, tanto o poder público como o privado, reconhecer e valorizar a origem, a tradição e a manutenção da cultura daquela região, que retorna a seu povo o bem viver e de viver com dinheiro no bolso.

Já, aqui nas terras de Coaquira, eu não vi, tanto na programação oficial como no local da festa de São Pedro a inclusão dos grupos de raízes e originais de nossa tradição; não vi o bate pé do grupo de xiba do Prumirim; não se ouviu os estalos dos bastões do grupo de congada de São Benedito do Puruba; não vimos o trançado colorido do grupo de dança da fita e da quadrilha caiçara do Itaguá; não se ouviu o cantar poético da lenda do boi de conchas, da gruta que chora, do tangará-dançador, o “cantamar” que o grupo cultural o Guaruçá - folclórico e alegórico apresenta; não ouvimos a música raiz, que hoje imortalizada nos registros da professora Kilza Setti e que o grupo de fandango caiçara do mestre rabequeiro Mário Gato apresenta; não vimos a representação afro com seus grupos de capoeira fazendo a puxada de rede e o maculelê; não ouvimos o Ubacunhã de Bado Todão com suas fabulosas canções que retratam o viver caiçara; não vimos a apresentação musical dos índios guaranis; não vimos os grupos de quadrilhas das escolas de bairros, enfim, ninguém viu essas manifestações artísticas originais da nossa terra que, a meu ver, deveriam ser os principais atrativos da festa.

A falência e a desvalorização cultural em nossa cidade são fatos e só não enxerga quem não quer.

E o resgate, hein?

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