Fábio de Souza / Jornal Maranduba News | |
O “Joe da Banca” me chamou para mostrar o que estava estampado na capa do jornal Maranduba News desta semana (edição 36). A princípio, na minha visão, a imagem era de um ser extraterrestre, um ET, mistura de macaco com marreco. Arapapá é o nome do bicho. Melhor dizendo, é uma ave aquática que vive em região ribeirinha e de manguezal, tem hábito noturno e assim como outros de sua espécie se alimenta de pequenos peixes e crustáceos, desses alagados. Parece com os socós que vivem pelos nossos brejos e mangues. Nem meu pai, nascido e criado no “lagamá” das praias e na beira de mangue de rios de Caraguatatuba e muito menos eu, que conheço um pouco das aves de nossa região, nunca vimos uma ave como essa. Causou-me, sim, uma admiração muito grande pela ave, mas não pelo aparecimento de tal raro ser. Eu venho observando nitidamente a mudança que vem ocorrendo no planeta, refletida aqui também em nossa região, na questão ambiental e ecológica. Eu, desde criança, vivi enfiado nos matos, brincando e caçando passarinhos (cultura daquela época), depois me tornei caçador e andava por tudo quanto era espigão e grota de morro de nossa região serrana. Não faço mais isso, mas essa experiência vivida me proporcionou um conhecimento muito grande dos animais e das aves da nossa Mata Atlântica. Admiração, sim, mas já não me é surpresa quando aparece uma ave diferente em nossa região; assim com agora apareceu o arapapá, antes apareceu o quero-quero, o biguá, a pomba cinza, um outro passarinho de rabo comprido que anda na região do aeroporto; aves que não existiam por aqui. E da mesma forma, outras aves vêm sumindo dessa região, principalmente as que viviam nas regiões montanhosas, como é o caso do crocoxô ou cavalo-froxô, como diziam os caiçaras do sertão (parecido um pintassilgão), a saripóca ou araçari-amarela, a tubaca, o sabiazão da serra e alguns outros, até também pelo corte indiscriminado do palmito e desassossego na mata. Pois é! A mudança climática que vem acontecendo no planeta, com certeza afeta os habitares, e em busca de alimentos as aves e outros animais vão mudando também de regiões. Desse meu conhecimento, não científico e sim popular, dos animais, plantas e outras coisas da Mata Atlântica, principalmente das aves, escrevi uma crônica “onomatopéica”, vamos dizer assim, que relata o falar (ou cantar) das principais aves internas à serra da Mata Atlântica. Esse escrito acredito ser de importância para os ornitólogos e observadores de pássaros para contribuir, ou para acrescentar em seus conhecimentos e em trabalhos de pesquisa e hobby na observação de aves. Mais uma vez parabenizo o amigo Carlos Rizzo pelo desenvolvimento do trabalho de observação de aves em nossa região. Também dou meus parabéns aos observadores de aves Fábio de Souza e Roberto de Oliveira pelo registro da imagem do arapapá. Se num futuro tivermos um administrador municipal que realmente pense em desenvolvimento turístico de qualidade, que apóie e valorize o potencial ecológico e cultural de nossa cidade, poderemos ter também observadores de peixes, de borboletas, de animais, de passeios “canoantes” pelos rios e encostas... Aos observadores de pássaros eu indico a leitura do texto: “Mata Atlântica: seus vivos cantos e encantos”, amanhã, aqui n’O Guaruçá.
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