Julinho Mendes | |
Vovó ficaria enciumada se eu também não falasse que ela foi uma grande costureira. Há pouco tempo, lá na casa de uma senhora em que fomos fazer Folia de Reis, no bairro da Enseada, a mesma me contou que o seu vestido de noiva foi vovó Malvina quem tinha feito; falou que o vestido tinha ficado uma belezura. Pois é! E eu digo que se o tal vestido não foi costurado pela máquina da ilustração acima é uma parecida. Vovó tinha uma máquina dessas que por muito tempo foi uma grande parceira nos negócios e que contribuía muito na renda familiar. Diz minha mãe que vovó só não aprendeu a fazer terno, que era coisa de alfaiate, mas o resto costurava de tudo e tinha um prazer e orgulho muito grande em fazer vestidos de noivas. Assim como muitos que entram no Museu Caiçara de Ubatuba (Rua Pescador "Antônio Athanásio da Silva", 273 - Itaguá), mamãe caiu em recordações e senti, em certo momento, a sua emoção, sua saudade. Essa máquina eu não sei a procedência, alguém a deixou lá no Museu Caiçara, toda enferrujada. Trouxe-a pra casa e juntamente com meu pai, que é entendido, desmontamos ela todinha, lavamos suas peças com querosene, passamos uma escova de aço, jogamos óleo e montamos de novo. Antes, estava totalmente travada devido à ferrugem, mas agora se movimenta com a maior facilidade. O interessante, isso eu até então não sabia e foi meu pai que me mostrou, em seu compartimento de linha tem uma peça que se chama “canoinha”, pois tem o perfeito formato de uma canoa. Bonitinha mesmo! Além dessa máquina, temos ainda no museu mais duas outras; uma delas foi também doação de dona Aurita. Acho que em pouco tempo iremos precisar de um outro espaço para abrigar, preservar e manter os objetos, documentos, fotografias, biblioteca etc., da cultura de nossa terra. Eu fiquei muito sentido quando vi o prédio do Centro de Informações Turísticas, que até pouco tempo existia na orla da praia de Iperoig, sendo derrubado. Fiquei pensando no motivo que levou, com tanta falta de espaço para divulgar e expor a cultura caiçara de Ubatuba, um prédio ser derrubado. Fala sério! Só mesmo na cabeça desses que estão aí na politicaria. Cultura para o “çuper” é kryptonita!
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