Julinho Mendes | |
A idade de meu pai já não permite muitas aventuras, mas ele foi um apaixonado de fazer da natureza um hobby saudável e prazeroso, e diga-se que disso a qualidade de vida que ele teve e tem é, simplesmente, invejável. Eu sou testemunho disso, pois desde criança acompanhava-o tanto nas caçadas como nas pescarias. Foi nas pescarias, tanto de linha e vara nas costeiras como de tarrafas nas bocas de rios e “picaresadas” nos “lagamás” das praias, que conheci a maioria das praias de nosso município. As últimas praias que faltavam para conhecer eram as do lado sul, mas as conheci, já há uns sete anos atrás em companhia do meu amigo José Ronaldo dos Santos e o companheiro professor Juba, no qual fizemos a trilha da Tabatinga à Maranduba. Hoje me gabo e digo que conheço todas as praias de Ubatuba, tanto as do continente, como as das ilhas também! A praia Brava da Almada conheci há uns trinta e cinco anos atrás, acho que naquela época não tinha a estrada que hoje dá acesso pela Almada (estrada da praia Brava), lembro-me que a gente chegou lá por um caminho que iniciava no canto sul da praia da Fazenda, fui eu, meu pai e os saudosos tio e padrinho Bip e o Juventino do DER; pescamos tanto peixe que pra trazer foi um sacrifício danado. Depois disso voltei várias vezes lá, e no domingo, dia 11/03, repeti a dose. Levo sempre o meu kit de praia: uma sacolinha verde, dessa feita de tela anti-mosquitos, dentro tem uma faca, um isqueiro, uma linhada de mão, uma máscara de mergulho com canudo de respiração, uma boinha de encher com a boca, um óculos de natação, uma tarrafinha que comprei lá no sul, uma máquina fotográfica e um livro, o livro desta vez foi o “O Mestre da Sensibilidade” de Augusto Cury. Além do fresco-bol e do improvisado jogo de taco, tudo isso que levo é para passar o dia pescando, tirando marisco, mergulhando na observação do fundo do mar, divertindo, meditando e viajando nas histórias do livro, enfim, é um dia de rei que fortalece o corpo e a alma e renova energias para o trabalho do resto da semana. Vida boa! A praia Brava da Almada é bastante freqüentada, não só por surfistas como também por turistas que vão para conhecer e desfrutar da beleza do lugar. Eu estava no cantinho sul de chegada e ali tem um “corguinho” que deságua no mar formando ali, junto ao jundu, um banco de areia. Lembrando de minhas aulas de escultura na areia com a saudosa madre Glória, me veio a vontade de fazer uma escultura no barranco de areia, e assim com uma talisca de pau, fiz uma, depois outra, mais uma e ainda uma quarta escultura. Não sou bom nisso, mas fiz as minhas carrancas (bom nisso são o Mesquitinha, o Odaury Carneiro e outros mais). Fiz as esculturas e ficaram ali em “in natura” exposição. Como é gozado o ser humano! Basta ter uma coisinha diferente para chamar a atenção, atrair, causar admiração, conquistar. Aquele pessoal (turistas e surfistas) que simplesmente chegavam e saiam da praia, a partir do momento que avistavam as esculturas, paravam para admirá-las, tiravam fotos, faziam pose ao lado e teve até criança arriscando fazer uma escultura também. Veja só? Aí eu fiquei pensando como é fácil chamar a atenção das pessoas com poucas coisas. Já estive em cidades do interior que têm, por exemplo, uma cachoeirinha que em comparação com as nossas, mais parece uma bica d’água, mas dizem que é o véu da noiva, que é o poço da Yara, ou colocam lá uma escultura qualquer e disso fazem a maior atração e o maior ponto turístico da cidade; tudo muito organizado, estruturado, com um planejamento de marketing muito bem elaborado, enfim, isso chama-se profissionalismo, capacidade técnica, aproveitamento dos recursos naturais para desenvolvimento; isso tem que ser feito por gente que sabe, que estudou para isso, não é pra qualquer zé-mané politiqueiro. Eu fico pensando o dia que realmente tivermos um profissional desse naipe pra mostrar, divulgar, estruturar tudo o que temos de atração turística, Ubatuba vai ter um avanço turístico econômico que vai dar inveja em muitas Cancún, ilhas gregas, Auckland etc. Fazer uma escultura de um robalão gigante naquela pedra da boca da barra, fazer um guaruçá gigante na praia do Itaguá, fazer a escultura de um dragão na praia da Sununga, fazer um gigante tijolinho azul no trevo do Perequê-Açú... Eeeepa! Que mané tijolinho o quê?! Vai que o cara acredita! Enfim, esse dia vai chegar! Poderá ser em breve! Depende da audácia dos que estão pintando na área, mas se esses forem do tipo a fazerem politicagem pra se manter no poder; continuaremos é ferrados e a ver navios.
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