Ouvi alguém dizer que, nos últimos tempos, nada de relevante acontece nesta cidade. Eu contestaria dizendo que tivemos um incêndio num estabelecimento comercial no centro da cidade que serviu, segundo alguns, para exercitar a eficiência do Corpo de Bombeiros que, depois de certo tempo, chegou ao local, pondo fim ao sinistro. Mas afora isso, nada.

É disso que tenho receio. Vai lá saber o que as forças, que costumam agir  silenciosamente no subsolo, sob a superfície dos dias e das noites, estariam urdindo? Esse ovo de serpente em gestação, a qualquer momento poderia eclodir, não? Seria bom? Ruim?...

Estamos em ano eleitoral. Muita coisa bombástica ainda pode acontecer; embora não haja sintoma nesse sentido. Há uma pasmaceira, um desinteresse que dá o que pensar. Ocorrerá algum fato novo? Alguém que venha sacudir-nos deste marasmo? Ao que tudo indica, ao contrário de outras épocas, o povo está apático.

É um paradoxo se levarmos em conta que este, talvez, seja o momento histórico mais decisivo para o desenvolvimento do município. Digo isso em face do processo de investimentos em andamento na região: royalties do pré-sal e do gás, ampliação do porto de São Sebastião, duplicação da Tamoios e a perspectiva de crescimento do mercado de trabalho nas quatro cidades do Litoral Norte. Mas, por incrível que pareça, todas essas coisas ainda não sensibilizaram Ubatuba, que anda às voltas com suas briguinhas caseiras, que não consegue sair dos bate-bocas de fundo de quintal.

Às vezes me pergunto: onde estão os nossos jovens? Com o que se preocupam além de postarem no Orkut e no Facebook? Desinteressados do processo político? Sabem eles o que está em jogo? A canoa do futuro pode estar passando e eles, talvez, não consigam embarcar, ficando, mais uma vez na história, a ver navios.

É uma pena. Já poderíamos estar discutindo os grandes temas de interesse do município, agitando a cidadania nas praças públicas. Mas, infelizmente, não, estamos é nesta pasmaceira de dar dó. O que haverá de vir por aí? Mistério...