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COLUNISTA
Celso Fernandes
04/03/2012 - 10h03
Cadê o nosso Oscar made in Brazil?
 
 
Tevê à manivela

Luz, câmera, ação. Noite de entrega de Oscar é tudo igual. Só muda no figurino, no troca troca dos modelitos, etiquetas e - ah, ooh la la, la niña Penelope Cruz, nata de Alcobendas, Espanha, balé clássico, naquele seu azul acinzentado tipo Grace Kelly, inteirinha. Era Versace, Louis Vuitton, Giorgi Armani? (Pouco importa. Essa nem precisa passar pela tenda dos milagres dos “fotoshopis”, cremes curandeiros das tevês feito programas Sônia Abrão, Ana Maria Braga, Luciana Gimenez). Nos ternos de missa de domingo no setor da ala masculina, nos smokings monocromáticos de sétimo dia, ops, gravatas borboletas, há quem diga nesse quesito que é para ir adiantando no vôo rasante dos homenageados pós 84 anos de cerimônias e que rufem as clarinetas. E que frango a passarinho que nada. É escargot, uísque a go go, com direito a gracinhas do ator Christopher Plummer, 82, que venceu pelo “Toda Forma de Amor”. “Você só é mais dois anos mais velha do que eu, querida”. Certamente o que a Hebe Camargo ia adorar ouvir de bom tamanho em sua poltrona da verdade, quando, o selinho ia sair por conta da emissora. O público do Hollywood & Highland Center aplaudiu o vovô Plummer de pé. E não haveria? Ainda bem que estátua não fala nem quando está mal humorada.

Junte-se a tudo isso sem descontar no rol das piadas pouco criativas entre os repetitivos risos Colgate, pivôs disfarçados, air bags infláveis, emagrecedores aditivados e no merci bocu misturado ao eterno “I love you, Sucupira”. Corrigindo: “Hollywood”! Além da Estrela Maior - a estatueta - frente ao surrado tapete vermelho tão invejado pelos mais simples mortais que hoje em dia sequer podem molhar o bico depois do expediente de trabalho. E, óbvio, daquele pessoal dublando a premiação toda e que só podia gerar dúzias de bocejos em final de horário de verão com princípio de um novo apagão. Rimou? O máximo da pedra noventa. Voilá, o que é merecido, é merecido. No bom lembrete, sic, devemos lembrar.

Abre aspas. Colocassem, então, a nossa Suzana Vieira lá, oras. Ia bater a própria imagem dela se comparada com a Jennifer Lopes carnavalesca e mesmo superar o espetáculo extra das pernas de fora, como da desejada Angelina Joli no seu pretinho longo básico, cabelos avermelhados, ao lado do marido Brad Pitt que muito bem poderia ser confundido como vendedor de shampu Colorama dada as suas madeixas esvoaçantes em cena. Adoro assistir o Brad. Ator dos bons. Fecha aspas só para não tocarmos mais no assunto das nossas amorosíssimas “Empalhadas” da Band, jogando golf atarefadas, e que mereciam muito, mas muito mais do que um mega reality show em LA (para quem não sabe, Los Angeles City, USA). Oh, Val, please...

E mais! Se em noite de entrega de estatueta bronzeada tudo é fashion até mesmo para a prateada Maryl Streep (A Dama de Ferro) que de tanto levar ´oscar` (por hora 3) para casa já pode pensar em abrir filial de jogo de boliche com os demais premiados, puxando a deriva pro nosso lado, única representante do Brasil neste 2012, a música “Real in Rio”, tema da animação “Rio” composta por Carlinhos Brown e Sergio Mendes, perdeu na disputa de Melhor Canção Original para “Man or Muppet”, do filme “Os Muppets”. Queriam quem mais lá, o Filho do Brasil? Uma vez mais só animamos a festa e quem sabe em 2000 e TREZE alguns dos nossos politicamente corretos levem. O que, hein? Arriscaria algum palpite em nome da nossa santa malvadeza em questão? Quem sabe encontrem um novo épico de “O Político”, batendo de frente com “O Artista” na pele do Jean Dujardin (não esquecer do cãozinho Uggie que agradou no palco preto e branco e no colorido) desta 84ª edição do Oscar. Melhor roteiro de efeito de animação em Congresso/Plenário, por aqui, é que não vai faltar.

- Thanks, Hollywood & Highland Center! Já que deste lado “made in Brazil” tudo é de trânsito internacional, ano que vem sei que vai ter muito mais ´do melhor do melhor` até mesmo para os bravos defensores calóricos de um saboroso McChicken ´Ululante` Feliz. Ou, yes!


Nota do Editor: Celso Fernandes (modarougebatom.blog.terra.com.br), jornalista, poeta e escritor, autor de “As duas faces de Laura”, “O Sedutor”, “Sonho de Poeta” (Ed. Edicon), entre outros. Colunista de Moda, Cultura & TV, escreve semanalmente em jornais, revistas e sites relacionados às áreas.
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