Julinho Mendes | |
Herança dos Tupinambá, esse que parece ser um simples cesto de guardar alimentos ou transportar objetos, é na verdade um utensílio doméstico, uma ferramenta de primordial importância na vida de comunidades que tinham e que tem a terra como meio de sobrevivência. Seu trançado foi desenvolvido para que se comprima, fechando-se com determinada força ou pressão. O que tem de utilidade doméstica? A base da alimentação indígena sempre foi a mandioca. Esse costume indígena transferiu-se para o povo brasileiro que, em suas diversas formações, tem a mandioca como cultivo principal de subsistência. O caiçara é uma dessas formações que trata a mandioca como principal alimento. Ter uma canoa, ter um pequeno bananal e possuir uma plantação de mandioca para produção de farinha, era um dote, uma exigência para se iniciar uma família; um rapaz ao pedir a mão de uma moça em casamento, o pai da donzela cobrava do pretenso genro, esses dotes, principalmente o mandiocal para produção da farinha. Tendo o mandiocal, tinha que ter o ralador de mandioca. Ralada a mandioca, tinha que ter o tipiti para prensar a mandioca, separando o caldo da massa. Mandioca prensada no tipiti vinha o processo de “forneação”, para secar e torrar a massa da mandioca, transformando em farinha. Em algumas comunidades dos sertões caiçaras ainda se vê o uso do balaio tipiti, mas já está ficando raro quem tem o conhecimento e a ciência em construir um balaio como esse. Em Ubatuba restam poucos. O tipiti da ilustração acima foi uma doação ao Museu Caiçara, foi doado pelo Totoca e esposa Rosa Canabrava. Segundo o Totoca, esse tipiti pertenceu ao pai do saudoso Mané Grande, caiçara do sertão do Ubatumirim, pelas contas, esse artefato já tem mais de cinqüenta anos. O timbopeva foi o cipó utilizado na confecção desse tipiti. É uma peça rara e de grande importância dentro da cultura caiçara. Quem quiser conhecer de perto, ver os seus pormenores, visite o Museu Caiçara, fica dentro do Projeto Tamar, no Itaguá.
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