Tevê à manivela
Como manda a tradição nesta época do ano, que é dando que se recebe, Natal também significa presentear os amigos com lembrancinhas miraculosas. Amigo secreto, bom, só se for entre eu e você, Calamity Jane... Em tempos remotos, para muitos, nem se fala! Por isso é que temos o Natal da fartura (no duplo sentido do que não-falta e do que popularmente “farta”), o Natal da média fartura (em épocas de contenção de dívidas, na lei da oferta/procura não tem igual), o Natal da baixa fartura (se os reais andam magrinhos, bicudos), vale até mesmo é reciclar o que estava abandonado no seu “baú da felicidade” no fundo de quintal, mas que com um simples polimento à base de caol e algum arranjo visual, alegra qualquer marmanjão estirado na compartição dos esquecidos - tipo sala-de-estar e ficar. Sem esquecer do Natal da inconformada fartura em fase de crescimento, quando usar da criatividade é o que podemos contar na hora daquele famoso abraço quebra-nozes e que todos sejam felizes, muito obrigado por perguntar. Valeu, chefinho! E como valeu... E se além disso você não cansar de se esmerar, ops, de repetir noite adentro, (obs.: porém nada de malvadezas nesse instante, bem dizer 366 dias de convivência mútua, o que não é modéstia para qualquer um, descontados o horário de verão...): “Era o que eu mais queria, acertou em cheio, caiu como uma luva, vou usar para sempre, nem vou lavar”. Ler alguns pensamentos, ainda que de tabela, por antecipação dos astros, repetindo, nunca foi pedir demais. Só não insista no caso do seu tamanho “Pê” ter virado um “Eme” maiúsculo e agora lá mais próximo do “Gê” e quem sabe já em vias de tornar-se um GEGÊ tamanho família. Wow! Salvo casos, só não podemos desprezar sequer aquelas agradáveis boas intenções como de amostras grátis, antes do suculento prato ao bom gourmet na opção dos fast foods e dos pré-cozidos que saem mais em conta. Papai Noel da modernidade, aliás, com alguns hiper “magrinhos, magrinhos” por força dos apetitosos alimentos diets de prateleiras, valem pelo consumo do que há na praça neste globalizado mundo virtual que está no meio de nós. Isso sem falar dos trenós Ferraris para lá de turbinados e bote-se motores de arranque aditivados nisso! Natal, Natal, Natal. Natal das redes sociais, familiares, dos mais chegados e daqueles que não abrem mão da sessão boca-livre, como dos rebatizados experts no assunto e que sonham em render mais uns trocadinhos saudáveis nos bolsos - quinquilharias à parte que fiquem para outros santos nomes e nada de humildes colecionadores de bugigangas tradicionais. Certo modo, não devemos negar que todos merecemos ao menos algumas horas ao sol, ao luar na madrugada adentro, apontar, contar estrelas (admita-se, mas nada daquelas petistas que mudam de lugar, ops). E se dezembro significa o mês de fazer balanço geral, regime nas contas e nas compras dos assados e dos achados do dia - entra ano e sai ano e parece tudo igual. Muitas vezes o que só aumenta de verdade é o peso das nossas idades, abdominais, finesses, recauchutagens por conta da medicina robotizada, o morde e assopra perto do que fica. Lembremos: Ò espírito natalino continua em todas as suas versões. Portanto, já que tradição é tradição, com todos os seus símbolos, pouco importando o tamanho do seu peru ou se o seu frango à passarinho acaba de sair voando janela afora por obra da entrada do frangão que chegou com a turma do funil e por certo tirado na rifa: hoje a festa é sua, hoje a festa é nossa, é de quem vier, quem quiser... O Merry Christmas é universal. Agora se você for querer me presentear, não insista. Pode enviar que eu prometo usar o ano inteiro e sequer vou lavar! Querendo entregar em mãos, Calamity, a sobremesa aqui sai na faixa. Afinal, tem ou não coisas que nem Papai Noel resiste! Ho, ho, ho...
Nota do Editor: Celso Fernandes (modarougebatom.blog.terra.com.br), jornalista, poeta e escritor, autor de “As duas faces de Laura”, “O Sedutor”, “Sonho de Poeta” (Ed. Edicon), entre outros. Colunista de Moda, Cultura & TV, escreve semanalmente em jornais, revistas e sites relacionados às áreas.
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