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COLUNISTA
Julinho Mendes
19/12/2011 - 09h01
Obrigado, dona Aurita
 
 
Julinho Mendes 

Recentemente conheci a senhora Áurea Campos de Oliveira Bianchi, “Aurita” como é carinhosamente chamada. Nosso encontro se deu a pedido do filho, Diego, que me disse que sua mãe tinha um quadro e alguns outros objetos que queria doar ao Museu Caiçara. Fui até sua casa e conheci dona Aurita! Além da simpatia e da amabilidade, conheci uma grande artista plástica e no decorrer de conversas veio à tona de que uma de suas obras em cerâmica já fazia parte do acervo do Museu Caiçara. É uma peça de barro retratando a figura de um sapo, muito interessante e de beleza sem igual. Depois de falar sobre essa peça, dona Áurea disse que não sabia como que essa obra foi parar no museu, mas que estava contente por saber o bom paradeiro de seu sapo de barro. Eu conclui que o sapo de barro está no museu, provavelmente por aquisição do patrono Luiz Ernesto Kawall, que vendo a beleza e originalidade do trabalho, adquiriu em algum lugar, para acervo do museu.

Observa-se na imagem acima a artista da qual eu falo e em suas mãos o seu trabalho de pintura, um quadro (pintura a óleo) da imagem do Amaro, do negro Amaro; personagem que por muitos anos viveu no centro comercial de Ubatuba. Era um mendigo, amável, simpático, respeitador. Quando sóbrio era um sonhador, poeta, pensador e amante da natureza. Quando ébrio era brincante, festeiro, carnavalesco, lúdico.

Na pintura, o Amaro está vestido de rosa e com uma colher amarrada na cabeça. Essa imagem foi registrada na casa de arte e cultura “Azul Marinho”, da nossa amiga Mariza Muniz, e a mesma me contou que o Amaro freqüentava muito lá por causa dos eventos culturais que ocorriam no espaço e que num domingo de carnaval enfeitaram o Amaro com um vestido rosa e uma colher na cabeça para sair no bloco que desfilou pelas ruas da cidade. O Amaro foi a atração do bloco.

Muitos que conheceram o Amaro, certamente tem uma lembrança dele. Fisicamente eu lembro de seu porte grandalhão, do cabeção redondo, da boca sem alguns dentes, da canela enfaixada e do pé inchado que parecia uma broa de fubá.

O Museu Caiçara, de todo coração, agradece a dona Aurita pela doação das peças antigas e do quadro do Amaro, que com muito gosto farão parte do acervo do Museu Caiçara.

Obrigado, dona Áurea!

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