Você já tentou tocar uma cuíca, um violão, pintar um quadro, cantar uma música, encenar um personagem, dançar uma congada, fazer uma escultura, bordar um tecido? Tente e você verá que é preciso ter o dom ou jeito para a coisa! É a mesma coisa que ser um pedreiro, carpinteiro, pintor, vendedor, um professor e até um político. Dizem que política é arte! Arte de que? De ter o poder? De poder mandar e desmandar? De fazer e desfazer leis? De inventar e cobrar impostos? Isso é arte? A única arte que vejo num político é a arte de ter simpatia, levar as pessoas no papo, de pagar uma cervejinha num bar, tomar um café ou almoçar na casa visitada. Isso é arte? Dentre a obra de um artista plástico, um músico, um professor e um político, qual é a que lhe agrada mais? Pense um pouquinho! Tenho plena certeza que você responderá que em primeiro lugar vem a obra do artista plástico, depois do músico, em seguida do professor e por último, lá no final da fila, a obra do político. Pois bem, se analisarmos, a obra que mais valorizamos é a obra do político. Sim! Pense bem e responda: qual é o salário que pagamos a um político? Quanto você paga para ele ter mordomias? Quanto você paga por obras superfaturadas e de má qualidade? Quanto você paga de impostos? Dá até raiva de pensar, mas tudo isso pagamos e valorizamos muito! Agora veja o trabalho e o salário de um marceneiro. Veja o tempo de formação de um professor, condições de trabalho e o salário que ele recebe. Veja o quanto um músico, um ator, um artista plástico, te enche de alegria, te dá satisfação, emoção, para não ter valor nenhum? Coitados desses: fabricam alegria, emoções e não têm valor! Você acha caro ir ao teatro, comprar um quadro, ajudar um grupo folclórico, para ter alegria, sentir emoção e viver de bem com a vida? Porém paga bem mais caro para ter tristezas e decepções, através da política. A cada eleição que você deposita esperança mais desilusão você tem. Essa é a arte da política, fazer a gente ter desilusões, pagar caro e ainda ter esperança. Mas como a esperança é a última que morre, vamos valorizar a política, pagar bem o político e seus secretários, apoiar os aumentos de impostos, para quem sabe um dia, esses valorizem o marceneiro, o professor e o artista de forma geral. É muito engraçada a forma com que o nosso povo vê o artista. A nossa cultura vê o artista como uma pessoa que vive de alegria, de paz, brincadeiras, como se isso não fosse um trabalho e não precisasse ser remunerado, que o artista ou que um grupo cultural deve fazer shows de graça. As pessoas não enxergam que para fabricar alegria, emoção, tem todo um tempo de preparo, estudo, ensaio, dedicação, para que essas emoções sejam espontâneas. Enfim... Essa crônica foi um jeito que eu achei de sensibilizar as pessoas, entidades e principalmente os artistas políticos, uma vez que a cultura popular de Ubatuba é muito forte e grandiosa, rica e peculiar; porém precisa ser incentivada e valorizada para que cresça e seja um dos principais esteios para o crescimento turístico de nossa cidade. As artes e os artistas estão aí. Temos a Congada do Puruba, o Xiba do Prumirim, Folias de Reis e do Divino de diversas partes, a Caiçarada do Itaguá, O Pirão Geral do centro, a Dança do Boi. Temos Bado Todão, João Teixeira Leite, Bigode, Damotta, Jacob, João de Souza, João Barreto e muitos contadores de histórias. Temos dança, temos música, temos lendas e muita cultura. Temos também políticos. Resta apenas incentivar, valorizar e acima de tudo, já que a arte maior é a política, sabermos votar.
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