Julinho Mendes | |
Eu acredito que o tico-tico é endêmico no Brasil. É pardo feito o pardal, mas é fácil de distingui-lo pelo topete, pelo “lenço” alaranjado na nuca e pelo canto de ondas melodiosas. Diria que é um passarinho humilde, de mansa timidez, caiçara ou caipira daqueles que vivem nos sertões. É de uma bondade sem igual, pois permite chocar os ovos e criar os filhotes do “preguiçoso e aproveitador” chupim. Já achei muitos ninhos de tico-tico com ovos e filhotes de chupim. Seu ninho geralmente é construído rente ao chão ou em arbustos numa altura máxima de cinqüenta centímetros. Achei estranho o tico-tico da imagem acima, nessa época do ano, ainda catando capim fino para construir seu ninho; localizei seu ninho na vegetação de jundu frente ao aeroporto. Nessa época do ano os passarinhos já chocaram seus ovos e muitos já deserdaram seus filhotes. Achei estranho e procurei a razão, mas meu pai, que estava comigo, simplesmente me fez enxergar a razão ao falar assim: - Julinho, esse passarinho, assim como tantos outros não conseguiram ter paz para procriar. Tá vendo que fizeram uma roçada no capinzal do aeroporto? Foram duas vezes nessa primavera. Quantos ninhos foram destruídos e quantos passarinhos morreram na lâmina da roçadeira do trator que passou cortando tudo? É verdade, muitas aves, passarinhos e pequenos animais, morrem vítimas da roçada que fazem anualmente nesse tempo de procria, na área de capinzal do aeroporto estadual Gastão Madeira! Como resolver esse problema? Eu acho que é fácil! Então eu venho aqui propor aos observadores de pássaros e suas associações que a princípio elaborem um documento e encaminhem a gerencia do aeroporto, ao departamento de Meio Ambiente municipal e estadual e à outras instituições protetoras dos animais pedindo ou proibindo a roçada do mato (capinzal) da área do aeroporto no período de primavera, deixando em paz e que se criem os passarinhos e animais que ali fazem seus ninhos. Se tiver ainda algum vereador que seja sensível à causa, que cumpra com seu dever também. Devo lembrar ainda que a área do aeroporto é um grande potencial para observações de pássaros e aves, e valeria muito bem um projeto digno de atração turística nessa área. Fico pensando em um pequeno portal construído frente a rua Liberdade e junto um monumento ao tangará-dançador (pássaro símbolo de Ubatuba), em seguida, um museu caiçara (casa de pau-a-pique) onde abrigaria também uma exposição de fotos de pássaros e outros documentos, uma lojinha de artesanato local e apetrechos para observação e aos sábados, domingo e feriados o folclore e a música caiçara (fandango) comia solto. Atrás dessa edificação caiçara iniciaria uma trilha que andasse pelo capinzal, depois passando pelo brejal e finalizando na mata do “pexiricá”, lá no final do campo na av. Rio Grande do Sul. Os observadores iriam fotografar e registrar passarinhos sementeiros, brejeiros e os que comem frutas nativas. Um campo fértil para tal! Temos em Ubatuba uma infinidade de atrativos turísticos que colocaria Ubatuba num desenvolvimento econômico de dar inveja, mas... estamos a ver navios! Ah! Um doutor da cidade me atinou que estão dando mais importância e valorizando mais o esqueleto da baleia do que o monumento do Padre Anchieta que é personagem de nossa história. O coitado está mutilado e no local não se vê uma plaqueta de informação sobre sua história e sua passagem de vida em Ubatuba. Ainda completou o doutor: - Turismo é coisa séria, tem que ser tratado com profissionalismo, não com politicagem de terceira categoria.
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