As sucessivas e infindáveis crises que colocam em risco todo o arranjo econômico mundial e jogam países para o colapso financeiro, deixam o capitalismo, este como conhecemos hoje - sem fronteiras, globalizado, livre e a beira de um precipício - numa situação difícil e delicada a procura de soluções que o mantenha como o grande provedor do crescimento e do bem-estar político e social do mundo contemporâneo. Por muito tempo, acreditou-se na sua capacidade de autorregulação e nos sistemas de gerenciamento de risco, para sua proteção contra os perigos do mercado e os riscos de calote. Não foi o que aconteceu. Nunca se emprestou tanto dinheiro a quem não podia pagar. A situação é semelhante ao ocorrido aqui com os bancos estaduais brasileiros, que despejavam dinheiro em seus respectivos estados e nunca recebiam. A solução encontrada foi a criação do PROER - um fundo de socorro - e a privatização destes bancos e sua extinção. Agora é com os bancos privados europeus, que a exemplo dos americanos que despejaram dinheiro em hipotecas que nunca seriam pagas, entupiram seus países de dívidas, que mesmo com o perdão de 50% delas, a exemplo da Grécia, fica muito difícil seu resgate. Como não se pode privatizar nem extinguir um país - pelo menos por enquanto - a solução é esta que vemos todos os dias anunciando em horário nobre nos noticiários das TVs: arrocho salarial, desemprego, corte em programas sociais de governo, recessão e protesto nas ruas. O que vale hoje para Grécia, pode perfeitamente valer para todos os países, se não houver uma solução que regule o mercado financeiro de maneira permanente. O problema parece ser este. O grande desafio é colocar regras num sistema que tem a liberdade como princípio e a maximização do lucro como lei. Não é pecado, mas da forma como vemos hoje, é perigoso, porque torna todos reféns da ganância do sistema. Soluções paliativas só devem empurrar o problema para adiante. E antes que piore uma situação que já é ruim, talvez com a quebra de alguns paradigmas na condução do problema, a solução não apareça assim, tão fácil, que ficará no ar aquela pergunta: Por que não foi feito antes?
Nota do Editor: Alex Frederick Cortez Costa (fredcortez@uol.com.br) reside em Ubatuba desde 1996.
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