Julinho Mendes | |
Apesar de eu achar que Ubatuba significa: “lugar de muitas ubás”, também dizer que é “lugar de muitas canoas” eu não acho errado e até acredito que, pela quantidade de praias com seus respectivos caiçaras canoeiros pescadores, Ubatuba é a cidade do mundo que mais canoas tem, canoa mesmo, dessas feitas de um pau só. Eu gosto das canoas. Desde criança vivi nos arredores de uma, seja em rancho de canoeiro, no “lagamá” da praia, brincando de remar, pescando em largo e costeira etc. Disso tudo, até por usá-la como hobby, nunca me vi numa remada competitiva, numa corrida de canoas. O dia três de dezembro de 1993 foi a data em que nasceu a minha única filha, a Bruna Novaes Mendes. Em seu período de gestação, gestava também, nas mãos de Antonio Julião (caiçara do Perequê-Mirim) uma canoa de guapurubu; batizei, entalhando em sua proa o nome de Bruna. Nesses dezoito anos que tenho a Bruna canoa, venho com pensamentos de participar de uma prova de “corrida de canoas”. Tinha a consciência que remar em uma pescaria, das tantas que fiz no largo do Itaguá, das Toninhas, da Enseada... era uma coisa sem esforço determinado, deu a canseira, pára e descansa; já remar numa prova de canoas, era algo para canoeiro de profissão (pescador) que diariamente exerce essa atividade. Então vim amadurecendo a idéia, praticando gradualmente a remada e, neste domingo, dia 20 de novembro de 2011, participei da minha primeira experiência como remador de prova. Participei com muito orgulho da 1ª prova de canoas “Remadores de Ubatumirim”. Com grande mérito cheguei em segundo lugar (de trás pra frente) e escapei do troféu “Biotônico Fontoura” que é dado, com muita gozação, ao último lugar. Foi uma disputa apertadíssima, remo a remo, o que me ajudou no final foi um “agarra mar” que fiz, peguei uma onda e segurei a canoa para não atravessar e cheguei na frente. Cheguei com o coração expulsando um palmo de língua pra fora de minha boca. Caramba! Preferia mesmo era ter ganho o vidro de Biotônico, para tomar e recuperar minhas forças. Minha gente, não é fácil mesmo! Foi mais uma experiência em minha vida, mais uma identidade que assumo desse universo caiçara. Digo hoje, com orgulho, que faço parte desse seletivo grupo de remadores de Ubatuba, atletas do remo e da canoagem que cada vez mais fazem preservar a cultura caiçara. Está de parabéns a comunidade de Ubatumirim/praia pelo evento que contou ainda com muita gente, muita música (fandango caiçara), almoço (peixe com arroz), paçoca de amendoim e muita alegria nesse domingo de sol. Vale ressaltar ainda a beleza da premiação (imagem acima), canoinhas confeccionadas por artesões locais, especialmente para premiar os competidores que conseguiram pódio nas diversas categorias da prova. Parabéns aos remadores e remadoras que de diversas praias de Ubatuba e até da cidade de Paraty, fizeram-se presente, valorizando e prestigiando o evento. Com certeza, a partir de agora, com minha canoinha de guapurubu, de dezoito anos, farei o possível para participar dessas provas que continuam com o propósito, à idealização do prof. Joaquim Lauro Monte Claro Neto, desde 1957. Que não parem de produzir o Biotônico Fontoura, pois com certeza os vidros desse fortificante farão parte de minha pequena galeria de troféus.
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