Meu tio, o saudoso Daniel Graça Pereira, tinha o apelido de Sabiá. Foi um grande árbitro do futebol ubatubano. Mas não é deste sabiá que irei falar; falarei do sabiá passarinho, que de agosto pra cá, todas as manhãs, com seu apito melodioso, canta e me acorda. Mas nessa manhã de domingo achei estranho não ouvir o seu cantar; pensei até que dormi um sono pesado. Tudo bem! Minha mãe, irmã do Sabiá árbitro, fez do telhado da varanda da casa da frente um “comedouro” para alimentar e também para observar passarinhos, e todas as manhãs joga banana, mamão e quartos de laranja para os bichinhos. Tiés, saíras, sanhaços, bem-te-vis e principalmente os sabiás laranjeira são os principais fregueses. Haja fruta! Nesses últimos vinte dias observávamos que o casal de sabiá enchia o papo de frutas e carregava para o quintal do vizinho, que é cheio de árvores. Sabíamos que estavam levando comida para os filhotes que tinham nascido. Nesse dia, então, em que o sabiá despertador não me acordou, descobri a razão. O motivo foi que ao em vez de cantar e me acordar, o passarinho tinha afazeres mais importantes: tratar de acompanhar e de dar comida aos dois filhotes que naquela manhã alçaram vôo saindo do ninho. Por volta das oito horas, já com a refeição matinal servida, estava a família toda no “telhado comedouro”. Batizamos o sabiá-pai, de Lindolfo, a sabiá-mãe, de Malvina, e os dois filhinhos sabiás, um era o Daniel e o outro o Pitágoras. Família Graça Pereira em forma de pássaros anjos. Benção! O sabiá laranjeira é o pássaro símbolo do Brasil, instituído por lei no governo Fernando Henrique Cardoso. Foi inspirado nessa lei brasileira que nós do Museu Caiçara, através do vereador Charles Medeiros, instituímos o tangará-dançador como pássaro símbolo de Ubatuba. Uma foto de Edson Endrigo e uma alegoria minha, fazendo-se mostrar e representando o tangará-dançador, encontra-se no Museu Caiçara. Estava pensando em mais uma vez pedir ou indicar aos nossos vereadores um projeto de lei para construção de um monumento ao nosso tangará-dançador, mas, pelo que estamos vendo nas sessões de Câmara, nem monumento ao surfista (que é votante) Dudu está apoiando (veta tudo), quanto mais apoiar monumento a passarinho? A politicalha tá feia nas terras de Coaquira! O monumento ao surfista é indicação da categoria e virou projeto de lei do vereador Rogério Frediani; Dudu vetou (por que será?), mas o veto foi quebrado e o monumento fica agora a mercê de Dudu para construir ou não. Um monumento ao tangará-dançador seria até, em minha opinião, um agradecimento e um reconhecimento ao trabalho do nosso abnegado ornitólogo Carlos Rizzo, que vem divulgando Ubatuba na questão da observação de pássaros e com isso Ubatuba vem tendo um destaque nacional e internacional. A rua Félix Guisard será revitalizada e como não poderia deixar de ser: com os horrorosos tijolinhos pavers que Dudu tanto adora (por que será?). Para compensar a feiúra desses tijolinhos, que tal Dudu, vossa excelência construir o monumento ao tangará-dançador no ínicio da rua Félix Guisard? Sabe aquele espaçozinho à esquerda, logo após a ponte de acesso ao bairro do Perequê-Açú? Então, colocaríamos ali o monumento envolto por uma praçinha com um lindo jardim, com bebedouro e comedouro para pássaros, bancos para observações de pássaros e ainda lunetas para observações mais distantes das aves daquela região (urubus, biguás, garças, gaivotas, socós, cachaças e outros). Ficaria bonito, hein, Dudu?! Esperamos que Dudu aceite a proposta, mas se não gostar, proponho uma outra. Que tal um monumento no final da avenida Padre Manoel da Nóbrega, entre a fábrica de gelo e a quadra de futebol society? Faríamos lá o “monumento ao tijolinho”. Vai ficar lindo! Olha o sorrisinho dele! Já estou imaginando. Ao tijolinho, ao tangará ou ao surfista, o que importa é que construam monumentos, pois Ubatuba é cidade turística e o turista quer levar lembranças também monumentais.
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