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COLUNISTA
Julinho Mendes
03/10/2011 - 15h01
Quem sabe, um crematório municipal?
 
 
Julinho Mendes 

No dia seguinte, de longe, não vi nenhum passarinho na arapuca, mas estava desarmada, tinha alguma coisa dentro. Aproximei-me curioso. Sabe o que era? Um monte de bosta! E das fedidas! No fim da tarde, inocentemente, contei o ocorrido ao tio Tião. Depois de uma risada, eis o seu comentário:

- Vai ver que embaixo da baleeira é o cagador do saci! (E saiu gargalhando pelo caminho afora.)

Foi assim que terminou o causo do meu amigo Zé Ronaldo. Sem dúvida alguma a história é verdadeira e acontecia mesmo da turma cagar em arapucas, em laços, em cevas e até mesmo em gaiolas de alçapão, só por sacanagem.

Pra seu consolo, Zé, vou contar uma que fizeram comigo e com meu amigo, o Zezinho do Ximinguinho.

Não estávamos caçando Saci. A armadilha era para pegar gambá e fomos no morro da prainha do Matarazzo armar o nosso cumbu. A isca para atrair o bicho pra dentro do cumbu era a banana que a gente comprava na barraca do Domingos Anagro, ali na cabeceira da ponte da Rampa, onde hoje é o Bar do Mauro do Anísio, enfim, a banana apodrecia dentro do cumbu e nada de atrair e cair gambá. Comentamos isso ao Seu Domingos Anagro que, de imediato, nos falou que a gambá existente no mato da prainha do Matarazzo estava acostumada a beber whisky (isso desde a época do Ciccillo que acostumou mal os bichos), mas que na falta de tal bebida a gambá se servia de uma boa cachaça, e a melhor era a Ubatubana.

Quando passa alguém bêbado, trançando as pernas na rua, há um comentário entre as pessoas, de que o bêbado bebeu mais do que uma gambá; isso nos levou a crer que o Seu Domingos Anagro tinha razão: gambá gosta de cachaça! Compramos uma dose da pinga Ubatubana e fomos iscar no cumbu, lá no mato da prainha.

Não deu outra! No outro dia, igual a arapuca do Zé, o cumbu estava desarmado. Seria um gambazão? Com toda cautela colocamos o saco de estopa na boca do cumbu, abrimos a tampa e o bicho caiu dentro do saco. Pelo peso parecia mais ser uma quijara do que uma gambá. O bicho era pequenino, mas soltava uma catinga desgraçada. Pegamos o saco e fomos matar o bicho na beira da praia. Com um cacete de guatambu, metemos o pau no saco para matar o bicho; e a catinga aumentava. Depois de umas cinqüenta porretadas na suposta gambazinha, abrimos o saco para ver o bicho morto. O negócio caiu no chão todo amassado, parecendo uma broa de fubá, era na verdade um “troço” que se tivesse na forma original mediria mais de uma polegada.

- Cagaram em nosso cumbu!

Se o meu amigo Zé Ronaldo fosse travesso como nós teria vingado o autor da bosta em sua arapuca.

Quem poderia ter cagado em nosso cumbu? Dos dois, ou seria o Domingos Anagro, que nos vendeu a pinga, ou seria o Saponga, que no momento estava de ouvido em nossa conversa, que iríamos armar o cumbu com isca de pinga. A resposta saberíamos em breve.

Diz a lenda (essa o Zé Ronaldo não sabia), que se queimar a bosta de quem caga em armadilha, a pessoa fica com o fiofó ardendo. E foi o que fizemos, putos da vida. Fizemos uma fogueira e queimamos o “troço” presente; na verdade fizemos uma cremação do corpo catingudo. Não deu outra! No dia seguinte, na rua Baltazar Fortes que antes se chamava rua do Surucuá, que até pela forma rápida do falar caiçara falava-se rua do Cuá, o dito-cujo andava de pernas abertas e se queixando muito de queimadura. Era o Saponga, cachaceiro de primeira linha, como era conhecido. Filho da mãe, além de tomar a cachaça, cagou dentro do cumbu, mas teve a sua lição.

De vez em quando, isso não é difícil de constatar, observa-se mendigos defecando debaixo das pontes e no jundu na orla da praia do Cruzeiro, no Centro, sem contar a catinga que paira por aquela região. Fica aqui a ideia, a quem de direito e dever de manter a cidade limpa: “Construir um crematório para tal finalidade.” Quem sabe não some a catinga e os cagalhões mendigos da região?

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