Julinho Mendes | |
Pra quem já viu um ouriço ou um pindá (ouriço-do-mar), o pé do brejaúba, é a mesma coisa: só espinho. É uma palmeira típica da nossa Mata Atlântica e em qualquer várzea ou morro existe em touceira. Lembro-me que antigos artesões caiçaras usavam de seu tronco para confecção de colheres de pau, garfos, facas, pilõezinhos de socar alhos e muitos outros artefatos. Por ser resistente e de uma “flexibilidade rígida”, o índio usa muito de sua madeira na construção de arcos e flechas. O grande destaque do “brejaubeiro” é o seu fruto e, assim, como todos da espécie, produz um coco que dá uma carne (polpa) saborosa. “In natura”, o brejaúba é gostoso desde quando está com sua polpa mole, a qual chamamos de “bucho de bagre”, até o seu estado duro que dá pra roer no dente até doer o queixo. A época da colheita é de agosto até outubro. Os antigos caiçaras socavam a carne do brejaúba duro no pilão, misturada com farinha de mandioca ou mesmo farinha de milho, fazendo uma deliciosa e nutritiva paçoca de coco. Diferente do coco da juçara, do coco do brejaúba não se extrai o suco, mas sua polpa, num trabalho de produção artesanal, dá fabulosos doces: bolos, tortas, quebra-queixos e em caldas. Nessa coisa de manejo e sustentabilidade da Mata Atlântica, com certeza, o brejaúba seria mais uma opção, aos caiçaras dos sertões, de sustentabilidade e de melhorar a qualidade de vida, basta, para isso, que haja projetos, formas técnicas de manejos e recursos para investimentos. Quem há tempos não come ou quer experimentar o coco brejaúba, na feira livre de sábado, na praça BIP, em Ubatuba (SP), ainda poderá encontrar tal gostosura. Numa próxima edição, falaremos do brinquedo que, quando criança, fazíamos do coco brejaúba. Aguardem!
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