Julinho Mendes | |
Este sou eu, o corrupto (Callichirus major). Na verdade sou uma corrupta. Estão vendo o alaranjado dentro de mim? São ovos! Esse mês é de procriação e estou “ovadamente” grávida. Um filho da mãe encostou seu cano grosso em meu buraco e me sugou. Essa sugada me destroncou os membros e quando cheguei a superfície só tive tempo de ver o clarão do céu. Morri! E pro céu eu fui com meus milhares de filhinhos. O meu corpo, o cidadão levou para servir de isca em seu anzol, em sua pescaria. A Polícia Ambiental, os ecologistas e mesmo os biólogos marinhos que tiram seus sustentos com experiências e exposições de seres do mar fecham os olhos para o massacre de minha espécie. Esse massacre certamente afetará a existência de outras espécies no fundo do mar e um dia não vai ter peixe nem para colocar em aquários. Senhores vereadores, vocês podem nos ajudar. Façam uma lei de proteção, proibindo a caça ao corrupto em nossas praias; mobilizem os deputados estaduais e federais para, juntos, indicarem ao Ministério do Meio Ambiente a nossa proteção. Assim falou a corrupta em seus últimos momentos de vida. Este texto, embora tenha uma leitura cômica, até para cativar e atrair o leitor que nos acompanha, é um pedido não só desse que escreve, mas também de outros que aqui mesmo escreveram sobre o assunto e ainda de muitos outros eleitores que se preocupam com a questão do meio ambiente e, no caso, a questão da captura de corruptos em nossa terra. Não é nenhuma brincadeira. É um pedido, e até uma exigência, para que a nossa “casa de leis” cumpra seu dever, ou seja, represente e faça cumprir os anseios do povo.
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