Julinho Mendes | |
Desde quando iniciaram o “recalçamento” na rua Guarani que, diga-se de passagem: o obrinha demorada, parece fazerem um metrô! Papai, que é alfaiate, vem, em seus passeios diários pelo Itaguá, observando a construção e, no seu leigo conhecimento de engenharia, afirma que a tal obra vai dar caca. - Por que, papai? - Perguntei. O velho construtor de calças (não de calçadas), então respondeu: - Porque o rego ficou raso e estreito e o tubo que deságua no rio Lagoa, parece estar abaixo do nível da maré cheia. Quando chover e a maré estiver cheia, a água vai voltar e transbordar pelo rego. Aquela rua vai virar um piscinão. Falei ao papai que uma obra dessa natureza e na região onde se encontra, certamente teve um planejamento, projeto e principalmente um levantamento topográfico para estudo de caimento das águas e outros cuidados preventivos para não acontecer alagamentos. A imagem acima retratada é do domingo último, dia 11/09/11, por volta das 08h00. Consultando a tábua de marés do Centro de Hidrografia da Marinha, constata-se que nessa data e horário a maré está no seu nível mais baixo, altitude 0,00 m (maré vazia), e que no horário das 13h23 a maré teria o seu nível mais alto, altitude 1,20 m (maré cheia). Observando a imagem com atenção, vê-se uma faixa verde de limo (algas e organismos marinhos) atingindo exatamente o meio do tubo. Essa faixa verde de limo, pelo meu conhecimento caiçara de tirador de marisco (mexilhão) ou sururu da costeira (me corrijam os biólogos marinhos se eu estiver errado), são de algas que se desenvolvem até o nível médio da maré. Se meus olhos não estão nuveados, eu vejo que a parte inferior da saída do tubo está abaixo da faixa verde de limo. E aí? A preocupação do papai é correta? Não! Não pode um tubo de escoamento d’água ficar abaixo do nível do mar, então fiquei pensando: aquele tubo não seria obra de algum biólogo marinho? Não seria uma espécie de armadilha (covo) que o cara fez para capturar “trosbalhos” e “toroços”, para exposição em seu aquário? Não vamos ser pessimistas, mas acho que o velho alfaiate tem razão em se preocupar. Imaginando que teremos as fortes chuvas de verão e ainda as enchentes, vamos torcer para que a água do mar não entre pelo rego da Guarani e não represe o escoamento, transformando a rua em pista de jet ski. A rua está ficando bonita e, com certeza, já é e será ainda mais o point comercial mais chique e charmoso da cidade. É importante ainda torcer também para que os vorazes caçadores de votinhos não aprovem e não permitam pontinhos para carrinhos de venda de cachorro quente naquele local. Isso, sim, é preocupante!
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