Julinho Mendes

Se não estou enganado, e acho que não, o morro era do saudoso Adinho ou ainda é de seus familiares. Fica ali de frente à rodovia BR-101, após a ponte do rio Grande de Ubatuba, que até pouco tempo era entrada ao bairro da Ressaca; foi um corte com taludes feito durante a construção da rodovia. Pois bem...

Foi ali que meu amigo Zé, caiçara, professor, escritor, apreciador de um bom peixe com banana, e até mesmo sem banana, amicíssimo José Ronaldo dos Santos, teve a intenção de reflorestar a área, arborizando com as mais diversas espécies nativas da Mata Atlântica. Foi ele lá, diante de um projeto “pedaecológico”, juntamente com diversos alunos e diversas árvores em punho fazer o tal reflorestamento, mas... O Zé que diga o que aconteceu! O morro tá do mesmo jeito!

A imagem mostra o fogo queimando o capim melado e sapezal secos; esse fogo, aliás, é anual e cada vez mais avança na mata nativa.

Outro fogo que não termina é o fogo existente em nossa Câmara Municipal. Há um incêndio entre os vereadores; um fogo eterno por elaboração de moções; há um fogo ardente para se manterem no poder; há um fogo ambicioso por aumento de salários; há um fogo astuto por conquista de votinhos; enfim, há um fogo de forno a lenha que acaba virando tudo em pizza e o povo só sentindo o cheirinho de calabresas, oréganos, mussarelas, e vendo ainda a fumaça saindo pela chaminé e sumindo no ar.

Agosto, setembro são os meses de seca e de fogo e com certeza, mais esse ano ainda, veremos queimar os morros em sapezal e capinzal das Toninhas, Enseada, Perequê-Mirim, Lagoinha, Maranduba, Itamambuca, Ubatumirim, Almada, Picinguaba etc.

Se tivesse algum vereador com fogo igual de um cometa, poderia o nobre edil elaborar uma lei para que as áreas em capinzais e sapezais fossem reflorestadas, independente de serem áreas públicas ou privadas, e ainda um plano para capinar, separando o capinzal, da mata nativa, evitando um eventual incêndio e, com certeza, os fogos reincidentes não avançariam floresta adentro, assim não causariam problemas respiratórios na população, não matariam pássaros, animais e insetos diversos, não deixariam as paisagens em estado feio e triste.

Vovô Lindolfo dizia: “Preeeeeega fooooogo, não deixa a vaca deitar. Se a vaca deitar o bezerro não pode mamar.”

Essa filosofia de vovô Lindolfo foi mal interpretada pela política local. A vaca existente nas antigas terras de Coaquira, além das quatros pernas e até o rabo foram engessados para que a bicha não deite jamais, pois tem bezerro que já virou boi e ainda continua grudado nos úberes suculentos da dita-cuja. E o fogo, hora o fogo?! Deixa o fogo pregar, o que importa é a vaca não deitar!

Ainda acho que se existe um órgão municipal específico para cuidar do nosso meio ambiente, quem sabe também passasse pela cabeça de seu secretário maior de fazer um projeto específico para reflorestamento e combate aos fogos nos capinzais que a cada ano invadem e destroem a mata nativa.

É só um “achismo”! E que não levem a sério porque pode dar, só no pensar, muito trabalho.