Ao que parece, depois que o BC em sua última reunião do Copom reduziu a taxa de juros no país, a inflação tornou-se tema recorrente no noticiário nacional. O governo petista de Lula e agora de Dilma Rousseff tem pagado um alto preço por conta de divergências ideológicas com alguns setores da sociedade. Notadamente com os meios de comunicação. A discordância parece ser o principal ponto desta relação. Quando não, a manipulação. Em alguns momentos e circunstâncias, parece que os fatos são tratados como simples detalhes pelos meios de comunicação, ficando as interpretações e análises como foco principal dos acontecimentos. Na última reunião do Copom, em que se decidiu pela redução da taxa de juros, após uma série de altas, o que se viu no noticiário foi uma chuva de análises e conjecturas negativas, condenando a redução. Como se o título de país com a maior taxa de juros do mundo fosse motivo de orgulho. A retomada da inflação e a ameaça a autonomia do Banco Central, como resultado do corte de 0,5 na taxa de juros, foram os alvos preferidos do noticiário. O fato em si, da redução da taxa e seus benefícios para o setor produtivo, ficou inexplicavelmente em segundo plano. Opiniões divergentes e conflitantes que costumam esclarecer e enriquecer o debate nestas ocasiões foram substituídas por comentários de lideranças políticas da oposição e economistas alinhados nas críticas ao governo. Os homens da FIESP tão comuns nestas ocasiões, principalmente quando a medida é pela alta dos juros, desta vez, não tiveram voz. Nem eles nem ninguém que não fossem pela condenação da medida. O fato é que a imprensa, de um modo geral, há muito deixou de ter na imparcialidade uma reserva de valor. E a percepção de manipulação, por menor que seja, vinda de onde vier, deve ser encarada como uma ameaça por toda a sociedade brasileira. Exagero? Talvez.
Nota do Editor: Alex Frederick Cortez Costa (fredcortez@uol.com.br) reside em Ubatuba desde 1996.
|