Tevê à manivela
Tempos modernos. Tempos reais. Tempos bicudos. De descobertas, de escutas clandestinas, câmeras indiscretas escondidas até mesmo no buraco da agulha – só para não dizer que também podem ser instaladas na parte dianteira do inegável colarinho branco. Ou, quem sabe ainda na ´bainha` do meu pretinho básico, ops, e que por aí vai de cabo a rabo no que seja gloriar-se em xeretar a vida dos outros. Agora se até outro dia tínhamos um certo Antônio, certamente com ares pallocianos, no meio do caminho, hoje temos de bandeja outro que o pobre e oprimido comentarista aqui em questão poderia argumentar: “Corrupção é coisa que nunca sai de linha. Passa de mão em mão”. Pode ser negociada de sol a pino, em qualquer esquina do deserto de Atacama, frente a uma marcha de comércio ilegal de conversas notórias, na surdina, como em meio a uma oração pit stop – tal assistimos dia destes sobre um certo mensalão que jamais existiu, só mesmo na cabeça do povo. Afinal, antes que mais essa se cale ante inúmeras que se calaram em meio a tantos atos secretos, discursos que passaram lá longe, muito longe... Diabos, o Pagot, pagou ou não pagou a conta do “Empório do Sossego”? A Dnit quem quiser! Mais cabeças vão rolar, garantem. Aliás, com tamanha resposta que na cabeça de muitos também deve estar um bonde – o trem-bala não vem mais! – não escapa UM para remédio. Por isso é que em breve pretendo levar a sério o projeto do meu futuro PPO (Partido do Político Ocioso), com direito a 29 dias de preguiça estendida. O que sobrar é para biritar umas pequenininhas, jogar conversa fora, bater uma caixeta, paciência. Isso sem esquecer do recém “ponto eletrônico” – acho que aprovado – para aqueles que não vêem a hora de entrar em cena e aventurar-se ´atarefados` por tão respeitados corredores de Absulândia Brazilian Now. O que, o que? Praticar cooper engravatado nessas horas faz bem a qualquer tipo de saúde financeira. Desenferruja até as colunas, bico de papagaio... Via de regra (não sei se de 1, 2, 3, 4, 5, ou SEIS) devemos lembrar que em épocas de sustentabilidade paira por aquele disputado reinado o projeto do ´político insustentável`, com salário inicial a partir de 26,7 mil paus no Senado. Fora as regalias. O chamado “carnê da multiplicação” vem de sopa. Se quiser é só ligar pro pastor e pedir que ele vem até via Sedex 10. (Ops.) Aspas. E tome nota que se “afogar o Ganso” é uma coisa, logo, “pagar o Pato” são outros quinhentos a serem depositados em outros paraísos. Principalmente quando se está no início de mandato, que é para causar mais (in)PACmania. Fecha aspas. Como? Alguém falou em horizontes fiscais? Questionar quem a dê? Se for por falta de boa audição, chamem o tenor Vanusa para recitar o novo hino sabor on the rocks, enquanto Vossas Excelências explicam o não explicado. Porque, se de muitos planos e de muitas (poucas) medidas todos andam convictos em poder realizar, o interessante é conseguir separar na unha aquele que faz de verdade o papel de mocinho com o que faz o papel de bandido nessa história toda. E palmas para o Gepeto que entalhou o boneco Pinóquio numa pequena aldeia italiana (na escrita de Carlo Collodi), mas que não tem nada a ver com o premiê Silvio Berlusconi, que ao praticar queda-livre no banheiro, sofreu um pequeno trauma no crânio. Pequeno, sic. Seria ele um outro Antônio (no aumentativo?), provando que tamanho é documento, sim senhor, só para não enrolarmos muito no assunto? Não é à toa que operações sigilosas na redução de ´narizes` mantém-se na reta de largada. Porém, nem tão rápidos, nem tão furiosos. Escândalos de escutas telefônicas londrinas made in “News of the World” (admita-se o capítulo inédito “Os grampos telefônicos de Murdoch”) pós denúncias do australiano Julian Assange, diga-se aquele da engenhoca futriqueira chamada WikiLeaks, que se preocupe com seus pedidos de desculpas no tribunal porque de lá para cá temos muito o que aprender. Digo, com as nossas “escolinhas estreladas” que pouco se importam com o tamanho da perna-de-pau que aquele popular bicho-papão herdou. Na conta dos nove, né? Voilá! Tempos modernos. Tempos reais. Tempos bicudos. Até mesmo na ampliação dos ´mundimaníacos` com suas canetas, relógios, chaveiros, e só não vamos aludir mais nenhum lembrete quanto aos nossos enraizados ´Tostões` naquela honrada Casa, perto dos ´Tonhões` que acabaram de entrar. Tenha santa malvadeza! - Garçom, desce mais uma, passa a régua, pendura no prego, que eu ainda estou firme no passo! Com tantos exemplos de tamanha seriedade que andam bombando por aí, qual pedra vou chutar mais! Hein, hã, hum, ´acuma`!
Nota do Editor: Celso Fernandes (modarougebatom.blog.terra.com.br), jornalista, poeta e escritor, autor de “As duas faces de Laura”, “O Sedutor”, “Sonho de Poeta” (Ed. Edicon), entre outros. Colunista de Moda, Cultura & TV, escreve semanalmente em jornais, revistas e sites relacionados às áreas.
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