O ex-deputado, ex-governador, atual senador por Minas Gerais e nome forte do PSDB para concorrer à presidência da república, Sr. Aécio Neves, foi parado na madrugada de domingo do dia 17 de abril deste ano, numa blitz da lei seca, no Leblon, no Rio de janeiro. Na ocasião, constatou-se que estava com sua habilitação vencida e solicitado a fazer o teste do bafômetro negou-se a fazê-lo. A imprensa, na ocasião, cumprindo seu papel, noticiou o dia, a hora, o local, o desfecho e as possíveis conseqüências do caso. E mais não disse. O ex-prefeito, ex-deputado, ex-ministro da Fazenda, médico e agora ministro da Casa Civil do governo de Dilma Roussef, Sr. Antonio Palloci, multiplicou por vinte seu patrimônio pessoal em apenas quatro anos como deputado federal, sem ter acertado ao menos uma vez a mega-sena. Esta denúncia foi publicada pelo jornal Folha de São Paulo no começo de maio deste ano e desde então não sai da pauta diária dos principais meios de comunicação do país. Em ambos os casos, os erros cometidos pelos dois pesos pesados da política brasileira são gravíssimos. Porém, sem querer entrar no mérito do julgamento, o tratamento imposto ao ministro Palloci por conta da maciça exposição de seu caso na grande imprensa brasileira é inversamente proporcional ao tratamento dispensado ao senador Aécio Neves em seu imbróglio. Quando a Rede Globo, em 1985, ignorou em seu noticiário o movimento popular que colocou quase 100 mil pessoas nas ruas do Rio de Janeiro pedindo por eleições diretas, e foi execrada por causa disso, ela estava apenas seguindo uma tendência que viria a se consolidar através do tempo, em toda a mídia nacional, ou seja, dar amplo espaço e cobertura apenas para o que lhe convém. Alinhar seu noticiário de acordo com suas diretrizes políticas e seus interesses econômicos. O posicionamento político que sempre esteve presente na imprensa, através dos editoriais escritos por seus principais articulistas, migrou agora para as manchetes sensacionalistas e se tornaram a principal pauta diária de seus noticiários. A isenção e imparcialidade no jornalismo, decididamente, são conceitos que ficaram lá atrás no romantismo dos bancos escolares dos cursos de comunicação. Na prática, a teoria é outra.
Nota do Editor: Alex Frederick Cortez Costa (fredcortez@uol.com.br) reside em Ubatuba desde 1996.
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