Tratada como inimigo público número um da sociedade brasileira nos anos 80, a inflação, esta velha conhecida, está de volta. Vista como uma anomalia ou uma doença que contamina todos os meios de produção, ela tem o poder de destruir em pouco tempo, tudo que foi conseguido em termos de avanço econômico social no Brasil nos últimos anos. A grosso modo, ela aparece sempre quando há na economia, um desequilíbrio entre as forças da oferta e da procura, conceito clássico que norteia as economias pelo mundo. Com uma forte demanda de consumo, reprimida por anos e anos de dificuldades e aperto financeiro, o desequilíbrio, patrocinado pela fartura de crédito, prazos longos e por uma crescente oferta de emprego, se torna evidente e coloca em risco toda a economia brasileira. Este desequilíbrio, também pode ser analisado sob a ótica de outro problema comum nas sociedades democráticas, os gastos públicos, que normalmente vão à estratosfera em períodos eleitorais, contribuindo de maneira direta para o aumento do déficit público. A economia que sempre sofreu forte influência do setor público, com seus interesses nem sempre convergindo para o mesmo lado, tem na inflação, um sintoma deste conflito. Talvez seja este o grande desafio do país nos próximos anos, continuar crescendo, gerando emprego e renda e mantendo uma política de austeridade nos gastos públicos e controle da inflação. O país tem a seu favor as ferramentas necessárias ao enfrentamento da crise, e, sobretudo a experiência nada agradável de já ter vivido num ambiente de hiperinflação. Para o PT esta é mais uma prova de fogo e uma grande ameaça para seus planos de ficarem 20 anos no poder.
Nota do Editor: Alex Frederick Cortez Costa (fredcortez@uol.com.br) reside em Ubatuba desde 1996.
|