Julinho Mendes | |
Mês de maio vem chegando Vem trazendo ar de frio Trás também sabiá una E tainha em cardume Para a vida caiçara Era o que interessava A tainha em cardume Que do sul aqui chegava Athanásio e seu Alfredo Já estavam a esperar Com canoas e suas redes Na beira do lagamá No alto do Curuçá Zé Vieira a espiar Quando o mar se refolhar O seu búzio vai tocar Foi depois de uma semana Que o mar se refolhou Era um grande cardume De tainha que boiou Foi ao sol de meio dia Que a vila escutou O búzio de Zé Vieira Que do morro ecoou Euforia foi tão grande Que chapéus pro ar voaram Todo mundo festejava A tainha que chegava Braços fortes e mãos seguras Em canoas a remar Ruma a proa remador Ao cardume a saltitar Larga a rede, bate a tróia Malha o peixe a sobejar Puxa o cabo companheiro Ta na hora de fechar Nunca vi tão grande lanço É pra mais de oito mil Peixe seco vai durar Até o mês de abril. A tainha é sagrada Traz na escama a imagem Da Divina nossa mãe Senhora Aparecida Ao divino criador Rezo agora e beijo o mar A São Pedro pescador Umas mil vou ofertar Vai ter tainha assada Na festa do arraiá Ova frita, concertada... Muito xiba vão dançar Isso que aconteceu Já se faz muitos anos Dos que viram tal fartura Hoje tem setenta anos. Esses versos que eu faço É só para lembrar Dos costumes dessa terra De outrora, da fartura. Fotografia ainda existe Graças a seu Edson Athanásio Que preserva com carinho A memória ubatubana. Se sobrar um dinheirinho Peço aos nossos governantes Que preservem essas fotos Como grande patrimônio Patrimônio que relembra A memória de um povo Povo que não tem memória Fica ao léu a desvairar. Observação: Poesia publicada na revista eletrônica O Guaruçá em 11/05/2007 e republicada, agora, a pedido do autor.
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